Doce Deleite



domingo, 4 de março de 2012

Fetofobia e obscurantismo


O número de vítimas causadas por todas as discriminações odiosas, somadas e multiplicadas por mil, não se aproxima da carnificina causada pela fetofobia. Estima-se que ela produza, no mundo todo, cerca de 50 milhões de execuções/ano (algo como oito holocaustos a cada 365 dias, ou 2500 jamantas carregadas de fetos). Trata-se, portanto, de um mal a exigir severas medidas restritivas à sua propagação. A fetofobia vai direto da tolerância ao ato. Da teoria à prática. Ela discrimina e mata implacavelmente aqueles contra os quais se volta. Como não tem justificativa moral, insinua-se mediante raciocínios sofistas e capciosos.

Outro dia, um fetofóbico, indignado, acusava os defensores da vida de se fundarem em princípios e convicções. Tinha razão. A promoção do aborto só se sustenta no contexto oposto, no contexto dos palpites que caracterizam o relativismo moral e o hedonismo mais rasteiro. Se princípios e valores não servem para discutir o respeito à vida humana, tampouco servem à Política, ao Direito e à Justiça, bem como à Saúde e à Educação. E assim se esclarece muita coisa.

Todos conhecem a frase do Goebbels sobre a mentira incansavelmente repetida. Mas o que ele ensinou vale, também, para a insistente negação da evidência e para a repetição da tolice. "O Brasil é um país laico!"*, proclamam os fetofóbicos como se tivessem atingido a epifania do saber. E daí? Significará isso que qualquer convicção moral, qualquer constatação científica, qualquer reflexão filosófica que coincida com uma afirmação religiosa deva ser banida do catálogo das ideias e expurgada de todo debate civil? Mas é inútil contestar os piores cegos e surdos, que não querem ver, nem ler, nem ouvir. Amanhã, os fetofóbicos estarão repetindo, goebbelianamente: "O Brasil é um país laico. Oba, legalizemos a chacina!".

Ninguém precisa ter lido Julien Freund para perceber, em si mesmo, que as dimensões do ser humano - a política, a religiosa, a cultural, a econômica, a ética e a artística - convivem, necessariamente, umas com as outras. Dar cartão vermelho a qualquer delas, abortando-a do espaço público, como pretendem fazer com a dimensão religiosa, contraria a natureza humana. Por isso, é aberração só ensaiada nos totalitarismos, como a experiência dos povos demonstra derramando exemplos sobre a mesa da História. Houvesse busca sincera da verdade, o que aí está dito bastaria. Mas a fetofobia não se segura. Ela voltará aos mesmos "argumentos", dos quais se deduz que: a) a separação entre Igreja e Estado deve aprisionar em um gueto a cidadania das pessoas de fé; b) quaisquer valores em que se perceba o perfume de alguma religião devem ser barrados na porta dos parlamentos e tribunais por vício de origem; c) o feto é coisa inútil - arrancado aos pedaços nada sente; e d) só pode opinar sobre temas de interesse público quem não tiver convicção alguma.

Tanta tolice precisa substituir argumentos por adjetivos. Então, ser contra o aborto é fundamentalismo e defender a vida é obscurantismo. Tão lógico quanto isso. Quero louvar, a propósito, a firmeza dos congressistas evangélicos (onde andam os católicos e a CNBB?), acusados pelos fetofóbicos de pretenderem fazer refém ao governo. É como se o governo pudesse ficar - e como fica! - refém de qualquer bando, de quaisquer negocistas, de quaisquer corporações ou grupos de interesse. Mas será demasiadamente subjugado, o governo, se aceitar pressões em defesa da vida.
  
Percival Puggina 

*Defender a absoluta falta de influência dos valores religiosos nas leis de um Estado em nome do "Estado laico" é desconhecer completamente o que vem a ser um "Estado laico".


Estado laico não é um "Estado ateu", um estado hostil à religião e indiferente aos valores religiosos de um povo. Não é um Estado, como o nosso, que quer "subverter todos os valores morais e religiosos de seu povo em nome de uma ideologia vinda de cima por alguns grupos".


Estado laico é um estado "sem religião oficial", apenas isso. O que não significa, de modo algum, deixar de receber do povo a sua influência religiosa, em termos de valores morais, especialmente.

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sábado, 3 de março de 2012

Desrespeito à liberdade de consciência nos Estados Unidos


Aqueles que certamente não têm muito tempo para ficar acessando sites e blogs católicos devem estar se perguntando: Afinal, o que anda acontecendo nos EUA que tem afetado de maneira tão especial a Igreja nos últimos dias?

O governo do presidente Barack Obama fez uma grande besteira no fim do mês de janeiro. O Departamento de Saúde e de Serviços Humanos (HHS, em inglês) anunciou que instituições associadas à Igreja Católica, bem como as demais instituições seculares, estariam obrigadas a distribuir contraceptivos e abortivos a seus empregados. Sentenciou-se que escolas, hospitais e obras de caridade católicas deveriam se adequar à norma até agosto de 2013.

Está claro que a situação é um triste exemplo de violação da liberdade religiosa. As instituições católicas, que realizam um trabalho importante nas áreas de saúde e educação, são regidas por princípios bem determinados, e estes não são ditados pelo Estado, mas sim pela Igreja Católica. E esta é bem clara ao condenar o aborto provocado e os métodos artificiais de regulação da natalidade – conhecidos comumente como “contraceptivos”. Não pretendemos discutir neste texto se é certa ou não esta posição. Limitamo-nos a dizer: é uma forma legítima de opinião. E as pessoas não podem ser obrigadas a agir em contrariedade com os princípios nos quais acreditam. Uma associação católica não pode ser obrigada a distribuir contraceptivos só porque o Estado gosta de preservativos, assim como comunidades puritanas não podem ser obrigadas a distribuírem caixas de cerveja a seus fiéis só porque o presidente aprecia o sabor da cevada.

O arcebispo de Nova Iorque, Timothy Dolan – tornado cardeal no Consistório do último mês -, reagiu imediatamente à imposição absurda feita pelo governo. “O presidente está nos dizendo que temos um ano para descobrir como violar as nossas consciências”.
No dia 19 de janeiro, em discurso aos bispos dos EUA por ocasião da visita Ad Limina Apostolorum, foi a vez do Papa se manifestar:
“O testemunho da Igreja é por sua natureza público: tenta convencer propondo argumentos publicamente racionais. A separação legítima entre Igreja e Estado não pode ser interpretada como se a Igreja tivesse que se silenciar sobre determinados temas, nem como se o Estado pudesse escolher envolver-se ou não se deixar envolver pelas vozes de crentes empenhados na determinação dos valores que forjarão o futuro da nação.”

“À luz destas considerações, é fundamental que toda a comunidade católica nos Estados Unidos consiga compreender as graves ameaças que o secularismo radical representa para o testemunho moral público da Igreja, que encontra cada vez mais expressão nos âmbitos político e cultural. A seriedade destas ameaças deve ser entendida com clareza a todos os níveis da vida eclesial. Particularmente preocupante são algumas tentativas de limitar a liberdade mais apreciada na América, a liberdade religiosa. Muitos de vós sublinharam que foram realizados esforços concertados para negar o direito de objeção de consciência a indivíduos e instituições católicas relativamente à cooperação para práticas intrinsecamente negativas. Outros falaram-me sobre a tendência preocupante de reduzir a liberdade religiosa a uma mera liberdade de culto, sem garantias para o respeito pela liberdade de consciência.”

 As palavras do Papa são um visível apelo ao bom senso do presidente Obama – se é que este homem ainda sabe o que isto significa. E, ao mesmo tempo, soam, neste ano de eleições presidenciais estadunidenses, como uma desaprovação de Bento XVI a uma possível reeleição de Obama. E não se trata de uma “posição partidarista” do Papa, como muitos podem objetar. É apenas a voz do Sumo Pontífice que, em conformidade com o Magistério da Igreja, condena a adesão a campanhas políticas que defendam temas como contracepção e aborto 1 – temas que ganharam forte apreço do governo no primeiro mandato (e, se Deus quiser, o único!) de Barack Obama.
Mais que isto: com esta última decisão, desrespeitosa, fica clara a falta de compromisso do presidente dos Estados Unidos com a liberdade de consciência de um número considerável de seus cidadãos. Utilizando expressões dos pré-candidatos republicanos à presidência do país, o governo Obama declarou uma verdadeira guerra à religião nos EUA, e à Igreja Católica, em particular.
A fim de encerrar este artigo, volto ao excerto do discurso do Santo Padre aos bispos estadunidenses. O último período é particularmente interessante. Remete à “tendência (…) de reduzir a liberdade religiosa a uma mera liberdade de culto”. Ora, não é bem esta a tendência que pode ser percebida não só nos Estados Unidos, como também no Brasil? O discurso laicista contido neste ato de desrespeito à fé dos cristãos norte-americanos é bastante semelhante aos ensejos totalitários de alguns políticos tupiniquins comprometidos com a agenda abortista e gayzista. Basta lembrar da senadora petista Marta Suplicy defendo o asqueroso PL 122/06. “Eu tenho que também proteger essa liberdade de eles [os cristãos] falarem dentro de um templo. (…) Em mídia eletrônica não pode fazer isso, né? Mas, dentro de um templo, se não incitar à violência, for alguma pregação religiosa, de culto, de dogma e de fé…”
É preocupante ver a liberdade religiosa sendo violada de modo tão sorrateiro, justamente em um país que é historicamente grande aliado da democracia e dos direitos civis. A ameaça, sabemos, subsiste não só nos EUA. Por isto, rezemos, a fim de que Nossa Senhora da Conceição Aparecida livre também nossa nação da maldição do aborto e da perseguição antirreligiosa.

Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Everth Queiroz Oliveira

1. Vale lembrar que, por ocasião das eleições presidenciais de 2010 no Brasil, o mesmo Bento XVI fez um memorável discurso aos bispos brasileiros, lembrando-lhes o grave dever de pôr a salvo “os direitos fundamentais da pessoa”, emitindo, se preciso for, “um juízo moral, mesmo em matérias políticas”.

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Natural de Recife-Pe

"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos." (São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)

"Hoje, o que os outros pensam de mim muito pouco me importa [a não ser que sejam pessoas que me amam], porque a minha salvação não depende do que os outros pensam de mim, mas do que Deus sabe a meu respeito".




Minha irmã...
ღஐºSaudade é o amor que fica!ღஐº

"O tempo não pára! A saudade é que faz as coisas pararem no tempo"...

"Duas pessoas que se amam não podem deixar de se encontrar e, pelo mesmo motivo, não podem ser separadas.
Uma  torna a outra 'eterna'
por amor."


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"O crucifixo é antes de tudo o sinal distintivo da única e verdadeira religião, a CATÓLICA, depois vem o resto".


"O católico que escolhe seus dogmas e seus mandamentos não é católico, é protestante." (Gustavo Corção)


"Os inimigos do Brasil querem que você se omita.
Mostre-lhes que eles estão enganados e que você está alerta.
O Brasil é, e continuará a ser Terra de Santa Cruz"!


"O PL 122 é uma aberração jurídica, viola a liberdade religiosa e cria uma categoria de indivíduos especiais. Esse Projeto é inconstitucional, ilegítimo e heterofóbico"!

“Olha, eu acho que tem que haver a descriminalização do aborto. Hoje, no Brasil, isso é um absurdo que não haja a descriminalização.” Em sabatina à Folha de S. Paulo - 4 de outubro de 2007. "Eu acho que, o aborto, do ponto de vista de um governo, é uma questão não é de foro íntimo, é uma questão de saúde pública".


Salve meu selinho e
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