"Não há nada pior que a língua; não há nada melhor que a língua. Depende do modo que a usamos".
De maledicência, astúcia e dolo sua boca está cheia; em sua língua só existem palavras injuriosas e ofensivas. (Salmos 9,28)
Cante minha língua as vossas palavras, porque justos são os vossos mandamentos. (Salmos 118,172)
Conta-se que certa vez um mercador grego, rico, ofereceu um banquete com comidas especiais. Chamou seu escravo e ordenou-lhe que fosse ao mercado comprar a melhor iguaria.O escravo retornou com um belo prato. O mercador removeu o pano e assustado disse: Língua ? Este é o prato mais delicioso? O escravo, sem levantar a cabeça, respondeu: A língua é o prato mais delicioso, sim senhor. É com a língua que pedimos água, dizemos “mamãe”, fazemos amigos, perdoamos. Com a língua reunimos pessoas, dizemos “meu Deus”, oramos, cantamos, dizemos “eu te amo”.
O mercador, não muito convencido, quis testar a sabedoria de seu escravo, e o mandou de volta ao mercado, desta vez para trazer o pior alimento. O escravo voltou com um lindo prato, coberto por um fino tecido. O mercador, ansioso, retirou o pano para conhecer o pior alimento. Língua, outra vez? Disse, espantado. Sim, língua, respondeu o escravo. É com a língua que condenamos, separamos, provocamos intrigas e ciúmes, blasfemamos. É com ela que expulsamos, isolamos, enganamos nosso irmão, xingamos pai e mãe. Não há nada pior que a língua; não há nada melhor que a língua. Depende do modo que a usamos.
Muitos males têm sido causados por uma só palavra ou frase proferida. Diz um ditado que “falar é prata, calar é ouro”. Uma palavra, uma frase, podem doer mais que a dor física. A dor física pode cessar com um medicamento, mas a dor provocada por uma palavra ou frase, muitas vezes nem o tempo apaga, e, quando apaga, costuma deixar cicatrizes. Palavras ferem, matam, magoam, semeiam dúvidas, fazem pecar, geram ódio, e muitas vezes, quem diz o que quer, ouve o que não quer.O pecado da língua é tão sério que ocupa todo o capítulo 3 e parte do capítulo 4 da epístola de Tiago, no Novo Testamento.
A Bíblia nos ensina que “os lábios do justo apascentam a muitos, mas por falta de senso, morrem os tolos” (Provérbios 10:21) Jesus, censurando os fariseus, disse-lhes que “a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12:34), e advertiu: “Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo; porque pelas tuas palavras serás justificado e pela tuas palavras serás condenado” (Mateus 12:36-37).
O piloto de um navio dirige-o para qualquer direção controlando um pequeno leme. Da mesma forma um cavalo é dirigido por nós quando lhe pomos freios na boca. Sejamos vigilantes sobre o uso da língua, e, “deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros” (Efésios 4:25). Que possamos usar nossa língua para dizer o quanto amamos nossos entes queridos e amigos; para perdoar a quem nos ofende, para pedir perdão a quem ofendemos, para oferecer ajuda ao necessitado, para elogiar, para ensinar, para proclamar a paz, para repelir a guerra, as fofocas, as intrigas, a inveja, a maledicência.
Que nossos lábios louvem, sempre, ao nosso Deus!
Amém!
"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o
outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome
que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos."
(São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)