domingo, 27 de maio de 2007
Pentecostes
"O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo seu Espírito que habita em nós, aleluia"! (Rm 5,5.10,11)
A IGREJA VIVE NO ESPÍRITO DE CRISTO
A solenidade de Pentecostes celebra um acontecimento capital para a Igreja: a sua apresentação ao mundo, o nascimento oficial com o batismo no Espírito. Complemento da Páscoa, a vinda do Espírito sobre os discípulos manifesta a riqueza da vida nova do Ressuscitado no coração e na atividade dos discípulos; início da expansão da Igreja e princípio da sua fecundidade, ela se renova misteriosamente hoje para nós, como em toda assembléia eucarística e sacramental, e, de múltiplas formas, na vida das pessoas e dos grupos até o fim dos tempos. A "plenitude" do Espírito é a característica dos tempos messiânicos, preparados pela secreta atividade do Espírito de Deus que "falou por meio dos profetas" e inspira em todos os tempos os atos de bondade, justiça e religiosidade dos homens, até que encontrem
em Cristo seu sentido definitivo.
O Espírito da aliança universal e definitiva
Não se pode deixar de ligar o acontecimento do Sinai com ode Jerusalém; a assembléia das doze tribos corresponde à dos apóstolos, novo Israel; fogo e vento manifestam a presença do Deus vivo; é dada a lei da aliança, lei de liberdade que qualifica os filhos de Deus. A aliança, não mais limitada a um povo escolhido para dar a conhecer o verdadeiro Deus, é aberta a todos os povos e a todas as raças; não mais caracterizada por um sinal na carne (a circuncisão), ela é espiritual e se exprime pela fé e o batismo (também o de desejo); não mais renovada por homens mortais no decorrer da história, é ela fundada sobre Cristo "que permanece eternamente". E precisamente por ser espiritual e definitiva, sua encarnação atual na Igreja do nosso tempo com suas instituições e nas diversas igrejas esparsas
por toda a terra, com suas peculiaridades, tem valor sacramental (isto é, traz verdadeiramente a salvação), mas também relativo e caduco. E preciso, pois, não considerar absoluto e definitivo algo que não seja o próprio Espírito, realidade profunda e inexaurível de tudo o que constitui a vida da Igreja no tempo: ações sacramentais, hierarquia, ministérios e carismas, templos e lugares. (Podem-se reler diversos textos do Concílio a propósito do pluralismo na Igreja, da tradução da mensagem cristã nas diversas culturas, da adaptação litúrgica, da variedade de expressão artística).
O Espírito da fidelidade e da coragem
O batismo no Espírito ilumina a comunidade dos amigos de Cristo sobre seu mistério de Messias, Senhor e Filho de Deus; faz com que compreendam sua ressurreição como a plenificação dos planos de salvação de Deus, não só para o povo de Israel, mas para todo o mundo; leva-os a anunciá-lo em todas as línguas e circunstâncias, sem temer perseguições nem morte. Como os apóstolos, os mártires e todos os cristãos, que ouviram profundamente a voz do Espírito de Cristo, tornam-se testemunhas do que viram, do que foi transmitido e que experimentaram em sua existência. No mundo de hoje toda a nossa comunidade é chamada a colaborar com o Espírito da nova vida para renovar o mundo: tanto na atividade cotidiana como nas vocações extraordinárias. E isto, sem perder a coragem, porque "o Espírito vem em auxílio
da nossa fraqueza" (Rm 8,26), corrige e incentiva nosso esforço, faz convergir tudo para o bem comum (2ª leitura), porque todo dom (todo carisma) vem dele, único Espírito do Pai e do Filho.
Toda a nossa vida de cristãos está, portanto, sob o sinal do Espírito que recebemos no batismo e na crisma, nosso Pentecostes; nela devemos amadurecer os "frutos do Espírito" (Gl 5,22): amor, paz, alegria, paciência, espírito de serviço, bondade, confiança nos outros, mansidão, autodomínio...
O Espírito da novidade em Cristo
"Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o evangelho uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos.
Mas no Espírito Santo o cosmos é enobrecido pela geração do Reino, o Cristo ressuscitado está presente, o evangelho se faz força do Reino, a Igreja realiza a comunhão trinitária, a autoridade se transforma em serviço, a liturgia é memorial e antecipação, a ação humana se deifica" (Atenágoras).
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01:58.