Jesus previu seus sofrimentos e deu-lhes um sentido. Com eles ensinou-nos a dar sentido aos nossos e aos dos outros. Por isso mesmo afirmou que aquele que quisesse ser digno dele deveria tomar a própria cruz e- é claro- as dos outros e segui-lo ( Mt 10,38 ). Tomar a cruz é uma coisa. Segui-lo com a cruz nos ombros é ainda outra. Outra ainda, é usar o ombro que restou para levar a cruz de alguém mais fraco do que nós.
Pode haver cristão sem crucifixo no peito. O que não pode é haver cristãos sem cruzes nos ombros: as dele e as dos outros. Se quisermos ser igrejas de Cristo precisamos dessa teologia. Somos igrejas da cruz e da ressurreição. Só de cruz só de ressurreição não basta. Porém, cristão sem cruz não existe. Quem diz que na Igreja dele não há mais dor nem sofrimento faz um bom marketing, mas além de deturpar a verdade, não faz boa teologia. A cruz de Jesus não foi o fim de todas as cruzes; foi, sim, o começo de uma geração que sabe o que fazer com a cruz. O mundo inteiro sofre. A natureza sofre. A vida sofre. Jesus não veio acabar com a dor, mas dar-lhe um sentido e forças para levá-la. Nunca prometeu apartamento de cobertura, nem lanchas voadeiras, nem casa de praia, nem conta polpuda no banco. Não era do seu feitio.
A paixão aponta para isso. Cruzes nossas, cruzes dos outros, corações para levar a sua lembrança e ombros para carregar o seu peso. Nossa vocação é tirar os outros da cruz. Isso é cristão! Pregar alguém nela é que não é! Anunciar Jesus sem cruz é censurá-lo. Anunciá-lo só na cruz é deturpá-lo. Houve um antes, um durante e um depois. Isto é catequese!
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"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o
outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome
que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos."
(São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)