segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Família, uma instituição sagrada
Os valores familiares fundamentais, como a obediência, o respeito, o amor no núcleo familiar e a educação dos filhos são salvaguardados, mas são relidos à luz de um ponto de referência constante: o modo de vida do Senhor, livre e obediente ao Pai. Jesus é o verdadeiro laço de união de toda família cristã!
Na missa de ontem o Pe Bosco falava que era preciso resgatar o espírito e o conceito de família, bem como vivenciar e fortalecer esse mesmo espírito. Entre tantas lições que nos foi dada ,baseada nas leituras do dia, ele ainda nos lembrava que, o que mais se vê hoje nas famílias é a falta de limites e a confusão entre liberdade e libertinagem.
.Também nos recordava do saudoso Papa João Paulo II na sua Exortação Apostólica FAMILIARIS CONSORTIO, em que o mesmo nos exortava que:
"A FAMÍLIA nos tempos de hoje, tanto e talvez mais que outras instituições, tem sido posta em questão pelas amplas, profundas e rápidas transformações da sociedade e da cultura. Muitas famílias vivem esta situação na fidelidade àqueles valores que constituem o fundamento do instituto familiar. Outras tornaram-se incertas e perdidas frente a seus deveres, ou ainda mais, duvidosas e quase esquecidas do significado último e da verdade da vida conjugal e familiar. Outras, por fim, estão impedidas por variadas situações de injustiça de realizarem os seus direitos fundamentais".
.Na liturgia da Igreja Católica o 1º domingo após o Natal é dedicado à Sagrada Família. As leituras desse dia não poderiam deixar de retratar o que para Deus representa essa instituição e a relação entre os seus membros, principalmente no que concerne o devido respeito dos filhos pelos pais. A 1ª leitura foi extraída do Livro do Eclesiástico:
"Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe.
Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração cotidiana.
Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros.
Quem honra o seu pai, terá alegria com seus próprios filhos; e, no dia em que orar, será atendido.
Quem respeita o seu pai, terá vida longa, e quem obedece ao pai é o consolo da sua mãe.
Meu filho, ampara o teu pai na velhice e não lhe causes desgosto enquanto ele vive. Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procura ser compreensivo para com ele; não o humilhes, em nenhum dos dias de sua vida: a caridade feita ao teu pai não será esquecida, 16mas servirá para reparar os teus pecados e, na justiça, será para tua edificação". (Eclesiástico 3,3-7.14-17a)
.Li um comentário sobre essa passagem, bastante pertinente. Nele há diversas considerações feitas acerca dessa relação tão estreita que é a dos pais com os filhos. O texto completo está aqui.
"Este fragmento do livro do Eclesiástico é de grande sabedoria e apresenta uma cena repleta de fé e de simples humanidade acerca das relações familiares, caminho seguro também para a observância do amor a Deus. A mensagem é um convite aos filhos adultos para que amem de coração os seus pais já idosos mediante um comportamento verdadeiramente filial. (...)
O texto, portanto, sublinha a estreita relação entre o honrar a Deus e o honrar aos pais: respeitar e cuidar destes é obedecer a Deus; não ter piedade destes e abandoná-los no momento da prova é o mesmo que desprezar o Senhor...
A honra que o filho deve aos seus pais contém toda uma gama de atitudes e sensibilidades, que se traduz não só em respeito, mas na ajuda concreta, nas mostras de afeição, obediência, estima e atenção, porque tudo isso é fazer a vontade de Deus".
.Podemos constatar que nas Sagradas Escrituras há diversas passagens que sempre nos fazem recordar que Honrar Pai e Mãe é mandamento divino, embora muitos façam questão de ignorar este fato. No Livro dos Provérbios, por exemplo, podemos encontrar vários desses versículos. Eles estão aqui e também aqui.
.O Evangelho da missa da Sagrada Família foi extraído de Lucas, que nos revela a passagem em que Jesus vai com seus pais a Jerusalem, ficando por lá e só sendo encontrado três dias depois, no templo, entre os doutores. (Lucas 2,41-52)
.Como nos é retratado, Jesus, embora deixando bem claro qual seria sua missão, "Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?" -, não deixa, no entanto de demosntrar a sua obediência aos pais.
O relato da perda e do encontro de Jesus no Templo é uma cena da vida familiar. O contexto encontra-se representado por duas breves descrições da vida da Família de Nazaré: a viagem anual da família de Jesus a Jerusalém para a Páscoa e o seu retorno ao lar, onde Jesus permanece submisso aos seus pais como qualquer filho.
.Seria natural que qualquer filho fosse submisso e obdiente aos pais, assim como o próprio Jesus foi, mas o que se vê é justamente o contrário; sobretudo hoje, quando "honrar pai e mãe", soa como algo anacrônico.
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