Mais adiante, ele acrescenta:
“Talvez tenhamos de nos despedir das idéias existentes de uma Igreja de massas. Estamos possivelmente perante uma época diferente e nova na história da Igreja. Nela, o cristianismo voltará a estar sob o signo do grão de mostarda, em pequenos grupos, aparentemente sem importância, mas que vivem intensamente a luta contra o Mal e trazem o Bem para o mundo; que deixam Deus entrar. Vejo que há muitos movimentos desse tipo. Não quero dar agora exemplos concretos. De fato, não há conversões em massa ao cristianismo, não há uma mudança histórica paradigmática nem uma virada. Mas existem formas fortes de presença da fé que voltam a dar ânimo, dinamismo e alegria às pessoas; presença da fé que significa alguma coisa para o mundo”.
O entrevistador pergunta: cada vez mais pessoas se interrogam se o barco da Igreja um dia continuará navegando. Ainda valerá a pena subir a bordo? E o futuro Papa responde: “Sim, creio nisso com firmeza. É um barco experimentado e, no entanto, novo. É sobretudo o diagnóstico do tempo presente que torna tanto mais evidente que se precisa do barco. Basta imaginar esse barco fora do paralelograma de forças do presente para ver a derrocada e o desmoronamento de força espiritual que ocorreriam”.
São exemplos do olhar ao mesmo tempo sereno e arguto com que Bento XVI examina as questões da atualidade.
Luiz Paulo Horta
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"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o
outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome
que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos."
(São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)