Podemos tomar essas palavras de Jesus como nossas, pois há uma condição para o seguimento de Jesus. A Igreja toma estas palavras como lema e, na vida dos santos de fato aconteceram.
Com estas palavras não há por trás um masoquismo, uma teologia do sofrimento, como muitos andam por aí pregando. Há vida nas palavras de Jesus.
Os cristãos do nosso tempo têm repulsa na Palavra “sofrimento”. De fato vivemos num vale de lagrimas, onde só tomando a cruz de cada dia podemos nos assemelhar a Jesus. Os apóstolos não viveram menos que isto, sofreram muito para chegarem no Reino do Céu. Não queremos, com isso, sair por aí buscando meios para sofrer ou ficar batendo na porta do sofrimento, mas encarar os sofrimentos que já temos com amor e alegria.
Não há outro caminho para seguir Jesus se não for pelo sofrimento, pois se não fosse para acontecer isto, Jesus não teria falado “tome sua cruz e siga-me”. Sempre teremos uma cruz na nossa vida.
A Igreja tem bem clara na sua doutrina que ela deve passar por provações para se chegar no reino prometido e, o Catecismo deixa bem claro: “Antes do Advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final, que abalará a fé de muitos crentes… A Igreja só entrará na glória do Reino através desta derradeira Páscoa, em que seguirá seu Senhor na sua Morte e Ressurreição…” (CIC 675,677).
É transformar o ordinário em extraordinário. Ninguém neste mundo vai ficar ausente de sofrimento. Porque, então, não aceitar a cruz de cada dia de maneira nova? E não ficar por ai buscando soluções em seitas e igrejas que pregam uma teologia da prosperidade sem sofrimento. É engano achar que no mundo não teremos tribulações, pois a condição humana sempre vai proporcionar isto.
O Mestre de Nazaré veio nos ensinar a olhar o sofrimento de maneira diferente. A nossa cruz tem valor de salvação, tanto para nossa vida como para vida de nossa família. Por isso, não amaldiçoe a sua cruz e seu sofrimento ou fique murmurando, pois nada vai se resolver se não tiver amor e aceitação. Não fique como criança, batendo o pé para não querer fazer as coisas.
Não aceitamos o sofrimento e a cruz como seguimento do Cristo, porque não entendemos a Sua morte na cruz e Seu amor. “Esse amor, quanto se dá a conhecer, faz as pessoas boas saírem de si e ficarem estarrecidas. Por isso, as pessoas sentem afervorar-se o coração, desejam o martírio, alegram-se no sofrimento, têm alívio nos grandes sofrimentos” (S. Afonso de Ligório).
Por experiência própria, digo que seguir a Cristo requer tomar a cruz e segui-Lo sem olhar para trás. Para eu ser missionário e assumir a vocação sacerdotal em minha vida, foi necessário que eu tomasse minha cruz. Por vir de uma família “católica só de nome”, não quiseram entender o meu chamado, praticamente me desprezaram, fui muito zombado, porque não entenderem. Hoje, muita coisa mudou, já procuram entender e me dar apoio. E, com tudo isso, minha mãe ainda não freqüenta a Igreja, meus irmãos, alguns estão no mundo se perdendo, meus tios e tias vivem no alcoolismo… e mais um monte de problemas na minha vida, mas sou feliz por ser do Senhor, por tomar minha cruz e segui-Lo. Sofro com alegria, pois sou peregrino neste mundo.
Muitas vezes, não entendemos o sofrimento e a cruz, porque estamos presos às coisas materiais. Para compreender o mistério da cruz é necessário estar com os olhos voltados para o Alto. A partir de hoje, comecemos a ver os sofrimentos e a cruz de maneira diferente; a cruz, verdadeiramente, é salvação em nossas vidas.
Padre Reinaldo
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"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o
outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome
que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos."
(São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)