A tradição da Igreja nos propõe o dia 25 de março como data da anunciação do anjo a Maria. Dia em que o Verbo de Deus assumiu a natureza humana. As representações artísticas desse acontecimento, na maioria das vezes, nos apresenta Maria como uma jovem, sentada tendo nas mãos um “livro”, e próximo dela um anjo. O anúncio e a concepção acontecem numa realidade cercada de contrastes. Maria é jovem e ainda não esposada.
O lugar em que ela recebe a notícia se encontra fora de um ambiente religioso tradicional judaico, ou seja longe do Templo e dos sacerdotes. Tudo isso torna esse acontecimento ainda mais “maravilhoso”. Mas o que significa propriamente esse assumir a natureza humana? Significa que o Verbo de Deus, se fez homem e veio habitar entre nós, contrariando todas as expectativas e suposições. Quando dizemos que Jesus assumiu a natureza humana, não estamos dizendo algo absurdo, mas trata-se de perceber ai o desígnio de Deus, “Na plenitude dos tempos Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (Gal 4,4).
Desígnio enquanto projeto de auto revelar-se: DV. Por isso o mistério da encarnação, mais do que qual outro fato na história de salvação, torna-se a chave de leitura que nos leva a compreender a vontade de Deus. A encarnação e momento do encontro, mais intimo, entre Criador e criatura, é o inicio da presença definitiva, ainda que no Antigo Testamento, a presença de Deus fosse demonstrada por grandes sinais como a nuvem no deserto, ou por meios de seus mensageiros, os anjos.
Na encarnação trata-se de Deus mesmo que vem ao encontro do homem, e com esse restabelece o que fora destruído pelo pecado, restabelece o convívio pessoal. O Verbo, Palavra de Deus , foi assumido por Maria, na fé e na carne. Ao celebrar esse mistério, no tempo presente, a Igreja, como Maria, deve estar sentada para ouvir, a Palavra-Verdo de Deus, atenta para perceber os sinais dos tempos, e pronta para por-se a caminho, levando e apresentando ao mundo o Filho de Deus, que se homem e habitou entre nos.
Pe. Devair Araújo da Fonseca
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"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o
outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome
que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos."
(São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)