Jesus abandonado, completamente só na cruz, entre o céu e a terra, salvou a todos nós. Somente se o amarmos e a ele estivermos unidos teremos o resgate dos nossos pecados e a chave do Reino dos Céus. A unidade com ele deve ser, pois, para nós mais valiosa que todos tesouros da terra. Ninguém pode estar unido ao Senhor sem participar do seu sofrimento e da sua cruz. Por isso, a Igreja, em nenhum lugar, é mais florescente do que onde, por causa de Cristo, é perseguida ou sofre necessidade. E, em lugar nenhum, ela sofre tanta necessidade quanto onde ela se esquiva do abandono do Crucificado.
Somente se partilharmos sinceramente o sofrimento de nossos irmãos necessitados, nos quais reconhecemos o Senhor, poderemos nos unir a Jesus abandonado. E as conseqüências são incalculáveis. Com ele teremos Deus, em quem não encontramos apenas o Céu, com a Santíssima Trindade, mas também a Terra, com toda a humanidade. Nele teremos tudo, porque tudo o que é seu será também nosso.
Essa opção custa caro. Pois o Senhor crucificado já não percebia mais a presença de Deus. Só lhe restaram a dor sem sentido, o fracasso total e a solidão dos que se sentem abandonados por Deus e pelos homens. Também esse sofrimento, que é o preço da nossa redenção, será nosso se amarmos Jesus abandonado na verdade e a ele estivermos unidos.
É lei fundamental do cristianismo que devemos morrer como o grão de trigo na terra, a fim de frutificar na eternidade. Desta forma, também para nós virá um dia a hora do Calvário. Talvez sob a forma da enfermidade grave ou quando a morte nos levar a pessoa mais querida; talvez na profunda angústia por um filho que se perdeu; na injustiça ou no fracasso; na solidão da velhice, na pobreza ou, até mesmo, no martírio. Não sabemos a hora do nosso Calvário. Só sabemos que a ninguém Deus dá provações acima de suas forças. Só podemos esperar que nossa fé resista à prova de fogo do sofrimento.
Padre Werenfried van Straaten
Fundador da Ajuda à Igreja que Sofre
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"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o
outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome
que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos."
(São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)