Por que as pessoas têm que pensar do mesmo jeito? Será que a beleza não mora justamente nas diferenças? Não é por ser diferentes que não vão se harmonizar, pelo contrário, a beleza está justamente aí. Já imaginaram se fôssemos todos iguais. Onde estaria a graça nisso?
O grande problema é que a rejeição que se tem com os diferentes, com os que não pensam igual, com os que têm opções divergentes, impede uma convivência pacífica. E quando se trata de opção religiosa aí é que o caldo entorna. Muitos conflitos da humanidade se deram justamente por isso, e hoje não é diferente.
Infelizmente isso acontece freqüentemente no meio cristão. Há pessoas que tem verdadeira aversão pelo credo do outro, chegando a transferir esse sentimento para o lado pessoal. Não aceita de modo algum que o outro tenha uma opção que não a sua, porque acha que a sua é melhor; o outro é que está errado e vai arder no fogo eterno.
Por que tudo isso? Por que as pessoas não são maduras o suficiente para transpor essa barreira? Por que não procuram enxergar naquele ser tão diferente o próprio Jesus? Afinal, ir além das aparências, além das opções e preferências pessoais, não é tão difícil assim para um cristão verdadeiro.
É preciso ter boa vontade para encontrar no outro o que ele tem de mais belo, não importando se ele pensa e age diferente. É preciso ainda acabar com esse vício terrível de achar que, o que é seu é o melhor e que o outro, para ser melhor, tem que ser igual, tem que ter o seu reflexo.
É a
Síndrome de Narciso*. Essa visão maniqueísta cujo propósito não é outro senão desqualificar opiniões divergentes. Isto por que não admitem, como o Narciso, que possa haver algo errado com a
"perfeição" que é a sua vida...
...É que Narciso acha feio o que não é espelho.
*A lenda grega de Narciso conta que ele era um jovem de singular beleza, filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia de seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura. Indiferente aos sentimentos alheios, Narciso desprezou o amor da ninfa Eco e seu egoísmo provocou o castigo dos deuses. Ao observar o reflexo de seu rosto nas águas de uma fonte, apaixonou-se pela própria imagem e ficou a contemplá-la até consumir-se.
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