domingo, 10 de outubro de 2010
Importa obedecer antes a Deus do que aos homens.
Sou membro de um movimento da Igreja Católica, e um grupo de pessoas desse movimento, aqui em Recife, faz parte de um lista onde são enviadas as notícias, os avisos dos nossos encontros, etc.. Também enviamos mensagens umas para as outras.
Em tempo de eleição o clima esquenta um pouco, mas, como em todo espaço democrático, todos podem se expressar, divergir, e até se exceder, às vezes. Foi isso que aconteceu nesta semana, quando uma das pessoas da lista postou uma matéria em que dizia que um "Padre e Bispos da CNBB-SP, cometeram crime eleitoral". O que me indignou não foi a matéria propriamente dita, mas a atitude de quem a postou, numa clara demonstração de desrespeito, pois sendo ela uma católica, jamais poderia, - mesmo não concordando com a atitude do sacerdote e dos Bispos- se voltar contra eles para defender um partido e sua candidata, notoriamente abortistas.
Para expressar minha indignação diante de tal atitude, postei o seguinte comentário:
Em relação a essa matéria e a outra que comento a seguir, chego a conclusão que, infelizmente, estamos chegando a um tempo em que os criminosos serão (ou são) aqueles que estão lutando em favor da VIDA. Ora, quando um filho da Igreja comete um pecado, a culpa toda recaí sobre Ela. A história nos mostra isso. O Papa João Paulo II pediu perdão pelos erros cometidos pelos filhos da Igreja. O Papa Bento XVI tem feito o mesmo nesses últimos tempos. No entanto, quando um sacerdote em sua homilia, tem a coragem de se manifestar contrário ao que vem acontecendo com esse partido e a sua candidata, que sempre vieram a público defender o aborto; quando um Bispo se dirige aos fiéis orientando-os para que não se vote num partido contrário à vida, vozes se levantam para dizer que os mesmos não estão falando em nome das suas respectivas instituições. Penso que aqui está ocorrendo uma inversão de valores.
Que partido é esse que está dividindo os cristãos, mais especificamente os católicos? Como ficar indiferente e em cima do muro quando um partido se declara favorável ao aborto?
Esse partido e seus asseclas, querem a todo custo, nos enfiar goela abaixo, o pndh3, que defende o Morticínio das crianças no seio materno, tratando a questão do aborto como "tema de saúde pública”. Um partido que quer a equiparação das uniões homossexuais à instituição sagrada da família. Um partido que defende a invasão das propriedades, a eliminação dos símbolos religiosos dos lugares públicos, dentre outros tantos absurdos.
O comentário a seguir, refere-se ao que aconteceu esta semana na TV Canção Nova, quando o Pe José Augusto em sua homília, se manifestou contra o PT e sua candidata à presidência.
E o que fez a Canção Nova?
Como as palavras do padre não são em hipótese alguma o pensamento da instituição? O padre não falou senão sobre fatos públicos amplamente conhecidos e sobre a Doutrina Católica! Acaso o PT não é um partido favorável ao aborto? Acaso não é verdade que os católicos não podem apoiar de nenhuma maneira candidatos nem partidos abortistas? Se estas coisas não são “em hipótese alguma o pensamento da instituição”, o que podemos inferir diante dessa afirmativa?
Quem não se lembra do Caso Alagoinhas, em que Dom José Cardoso foi rechaçado pela mídia e até por muitos católicos mornos? A CNBB, pouco ou nada fez em relação a isso, deixando o nosso Arcebispo entregue às feras. Não é de hoje que a CNBB tenta manter-se longe de questões polêmicas.
Diante de tudo isso, não vejo nenhum demérito em um sacerdote fazer parte de uma "congregação tradicional", (como se refere a matéria) que é contra o aborto, a união civil entre os homossexuais e a adoção de crianças por casais homossexuais. Eu, particularmente, prefiro estar ao lado dos ultra-conservadores, a apoiar partido e candidatos abortistas.
"Quando em âmbitos e realidades que remetem a exigências éticas fundamentais se propõem ou se efetuam opções legislativas e políticas contrárias aos princípios e aos valores cristãos, o Magistério ensina que «a consciência cristã bem formada não permite a ninguém favorecer, com o próprio voto, a atuação de um programa político ou de uma só lei, onde os conteúdos fundamentais da fé e da moral sejam subvertidos com a apresentação de propostas alternativas ou contrárias aos mesmos». (570)
Na consideração do caso em que não tenha sido possível evitar a atuação de tais programas políticos ou impedir ou ab-rogar tais leis, o Magistério ensina que um parlamentar, cuja absoluta oposição pessoal a eles fosse clara e notória a todos, poderia licitamente oferecer o próprio apoio a propostas miradas a limitar os danos de tais programas e de tais leis e a diminuir os efeitos negativos no plano da cultura e da moralidade pública. A tal propósito, é emblemático o caso de uma lei abortista. O seu voto, em todo caso, não pode ser interpretado como adesão a uma lei iníqua, mas tão-somente como um contributo para reduzir as conseqüências negativas de uma disposição legislativa cuja completa responsabilidade recai em quem a propôs. (Não é o caso da Dilma, nem dos deputados e senadores petistas)
Em tempo: o fato de cristãos se posionarem contrários às propostas do PT e a sua candidata à presidência, não significa, necessariamente, que estejam dando apoio incondicional ao canditado do PSDB.
Mas recorrendo ainda a Doutrina Social da Igreja...
...As instâncias da fé cristã dificilmente são assimiláveis a uma única posição política: pretender que um partido ou uma corrente política correspondam completamente às exigências da fé e da vida cristã gera equívocos perigosos. O cristão não pode encontrar um partido plenamente às exigências éticas que nascem da fé e da pertença à Igreja: a sua adesão a uma corrente política não será jamais ideológica, mas sempre crítica, a fim de que o partido e o seu projeto político sejam estimulados a realizar formas sempre mais atentas a obter o verdadeiro bem comum, inclusive os fins espirituais do homem.
Buscar sinceramente a verdade, promover e defender com meios lícitos as verdades morais concernentes à vida social ― a justiça, a liberdade, o respeito à vida e aos demais direitos da pessoa ― é direito e dever de todos os membros de uma comunidade social e política.
Quando o Magistério da Igreja se pronuncia sobre questões inerentes à vida social e política, não desatende às exigências de uma correta interpretação da laicidade, porque «não pretende exercer um poder político nem eliminar a liberdade de opinião dos católicos em questões contingentes. Entende, invés ― como é sua função própria ― instruir e iluminar a consciência dos fiéis, sobretudo dos que se dedicam a uma participação na vida política, para que o seu operar esteja sempre ao serviço da promoção integral da pessoa e do bem comum. O ensinamento social da Igreja não é uma intromissão no governo de cada País. Não há dúvida, porém, que põe um dever moral de coerência aos fiéis leigos, no interior da sua consciência, que é única e unitária»
Acredito que esta tenha sido a intenção dos Sacerdotes e dos Bispos ao se pronunciaram contrário àqueles que querem atentar contra a VIDA. Na tentativa de abrir os olhos dos seus fiéis, não imaginavam eles que iriam causar tanto rebuliço no âmbito de suas atuações.
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00:38.
