Marcos capítulo 4, versículos de 26 a 34.
Jesus disse à multidão:
O Reino de Deus é semelhante a alguém que espalha a semente na terra. Ele dorme e desperta noite e dia e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece.
Meus caros irmãos e amigos. Através desta profunda parábola, Jesus nos ensina a não sermos demasiadamente calculistas, tanto na nossa vida natural quanto, sobretudo, na nossa vida cristã. Recordo-me que, quando era criança e jovem no seminário, se ensinava, se insistia para que nós tomássemos nota dos progressos nas virtudes que realizávamos. Os cálculos eram mais ou menos matemáticos. Havia uma curva ascendente se a vida espiritual fosse ascendente ou então uma curva descendente se se iniciava um movimento de descida na vida espiritual.
Essas coisas, diz Jesus, não são salutares. Seríamos comparados a alguém que depois de semear a sua semente na terra, tenta, de uma forma ou de outra, puxar a hastezinha que começa a nascer, para ver se o crescimento se dá de forma mais rápida. Não é um bom negócio, decididamente. Jesus nos ensina através desta parábola, que é Deus, caríssimos irmãos, que nos dá o crescimento.
Paulo, escrevendo aos Coríntios, afirma: Eu plantei. Apolo regou. Mas é Deus quem faz crescer. É Deus quem vai conduzindo o crescimento. O crescimento na vida cristã é um crescimento que não depende de nós. São Francisco de Sales é um santo que trabalhou demasiadamente ou trabalhou profundamente para criar em diversos discípulos e discípulas verdadeiros seguidores de Jesus. Mas ensinava que o cristão não deve trabalhar com agitação e assim, ensinava que o cristão não deve rezar agitadamente, que o cristão não deve trabalhar agitadamente nem deve sofrer agitadamente. Deve fazer tudo pacatamente, tranqüilamente.
É Deus e não nós o autor do nosso crescimento. É Deus e não nós o autor do nosso progresso. Às vezes o progresso pode ser lento e quase imperceptível como a plantazinha que cresce dia a dia imperceptivelmente aos olhos do agricultor que a semeou ou a plantou. Outras vezes, Deus pode agir de maneira mais violenta ou mais rápida realizando de maneira admirável aos nossos próprios olhos, coisas belas e evangélicas na nossa própria vida. De qualquer maneira, caríssimos irmãos, o crescimento na vida cristã não depende de nós.
Trabalhemos. Rezemos. Busquemos a amizade com Deus. Busquemos um tempo para a oração. Mas deixemos os cálculos para que Ele os realize. E se assim fizermos, nós estaremos oferecendo a Deus um ato de extrema confiança e extremo abandono.
É Ele quem controla os nossos tempos e os passos que damos na vida em Cristo.
"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o
outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome
que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos."
(São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)