Será que todas as pessoas que são acometidas de doenças graves, como câncer por exemplo, são vítimas de macumbas, feitiços e amarrações do diabo?
Será que o grande números de pessoas que perdem todos os dias seus empregos são vítimas de macumbas, feitiços e amarrações do diabo?
Será que as vítimas do atentado do Word Trad Center e dos Tsunamis, foram vítimas de macumbas, feitiços e amarrações do diabo?
Será que as vítimas da violência urbana, como João Hélio, a modelo Maria Beatriz que teve 35% do corpo queimado, as vítimas de balas perdidas, dos acidentes de trânsito, foram ou são, vítimas de macumbas, feitiços e amarrações do diabo?
"De quem é a culpa?" Será da polícia mal preparada? Será do Estado inoperante? Será do Presidente? Será das drogas? Será de Deus? Ou será do diabo? Será??? Já percebeu como todos temos a imediata preocupação de encontrar um culpado para as "tragédias" da vida?
O desejo de encontrar um culpado não é novidade... Há muito tempo atrás, quando Jesus e seus discípulos se aproximaram de um homem, cego de nascença,"seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?" (João 9, 2). "De quem é a culpa?" Qual será a origem desta pergunta? O que ela significa? O que, na verdade, desejamos, quando procuramos um culpado?
É verdade que, normalmente:
* Um culpado nos traz a sensação de justiça realizada;
* Um culpado sacia nossa fome de vingança, já que todos nós ansiamos um "olho por olho...";
* Um culpado nos livra de uma culpa que também é nossa. Quando culpamos alguém, nos isentamos de qualquer responsabilidade, já que "a culpa não era nossa!";
* Um culpado traz as coisas de volta à "normalidade", levando-nos à ilusão de que todo o problema foi resolvido com a identificação da sua causa;
* Um culpado oferece uma resposta lógica para nossa mente insatisfeita. Quando encontramos um culpado, nosso desejo de saber o "por quê?" é saciado.
Logo no início da história do homem, ainda antes do dilúvio, o livro de Gênesis já relata: "viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo o desígnio do seu coração..." (Gen 6,5). A cada dia que passa, o homem se animaliza cada vez mais, se banaliza cada vez mais, se torna mais violento, mais auto-destrutivo.
Todos os dias, milhares de pessoas morrem em todo mundo, vítimas de doenças e da violência. O problema é "humano". Onde houver gente, haverá violência, haverá pecado, haverá doença, haverá morte. De quem é a culpa?
A culpa é nossa, da história da nossa formação, da corrupção da nossa sociedade, do egoísmo das nossas famílias, da nossa vontade que não gosta de dividir, da nossa indiferença em relação à pobreza e à miséria. Enfim, de todos nós. Fechamos uma panela de pressão, acendemos o fogo, e reclamamos quando ela explode sobre de nós...
Certa vez Jesus disse: "Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um metro ao curso da sua vida?" (Mateus 6,27). Deus é soberano e "nenhum dos seus planos pode ser frustrado" (Jó 42,2). Jó nunca entendeu o "porquê" do seu sofrimento, mas aprendeu que a fé verdadeira confia, mesmo que não entenda. Talvez fosse melhor perguntar "para quê" ao invés de "por quê?", e "o quê?" ao invés de "quem?" Existem situações na vida que nunca vamos entender e onde nunca vamos encontrar um culpado. Nessas horas, é preciso aprender a descansar na soberania de Deus, que conduz todas as coisas para um fim proveitoso. "Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus" (Romanos 8,28).
A solução, portanto, não está no homem, mas fora dele. Só Deus pode transformar as "tragédias" da vida em triunfos. O caminho não está na simples "perseguição" dos culpados. Há cerca de 2000 anos atrás, Jesus assumiu a culpa que era nossa. A Bíblia nos mostra que "O Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos" (Isaías 53,6). A paz da cidade não está no homem, mas em Deus.
"Tomai a peito o bem da cidade para onde vos exilei e rogai por ela ao Senhor, porque só tereis que lucrar com a sua prosperidade". (Jeremias 29,7). A solução está em Deus. Cada um de nós precisa cumprir o seu papel e espalhar a paz.
"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o
outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome
que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos."
(São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)