O jornalista Jorge O`hara, na reportagem Plebiscito sobre a Liberação do Aborto, publicada nesta quarta-feira, dia 11 de abril, no jornal Folha Universal, descreve de maneira muito realista e sóbria a aprovação do aborto em Portugal e a grande possibilidade de isso acontecer também no Brasil.
A matéria fala que a legalização do aborto em Portugal, aprovada em um plebiscito em que mais de 2 milhões de pessoas (segundo a reportagem) foram às urnas, se constituiu uma derrota histórica do Vaticano. E alerta ainda que esta mesma derrota pode acontecer aqui.
Embora muito bem escrita, a matéria esquece de dizer que esses mais de 2 milhões de eleitores que expressaram sua opinião na consulta popular representam pouco mais de 30% da população apta a votar em Portugal. E que a legalização do aborto se deu, neste caso específico, muito mais pela omissão dos portugueses do que por uma maioria absoluta pró-aborto.
Uma outra questão, creio que mais importante ainda, é que o jornalista e seu texto pecam ao dizer que a legalização do aborto foi uma derrota histórica da Igreja Católica. Discordo em gênero, número e grau. A “vitória” pró-abortista constitui uma amarga derrota não do Vaticano, mas de todos aqueles que se opõem à prática do aborto e que se posicionam a favor da vida.
Considerando que a Folha Universal pertence à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), fundada por Edir Macedo, cabe a pergunta: qual a posição da IURD em relação ao aborto? É a favor? É contra? A matéria não deixa isso claro em nenhum momento. Se o bispo Macedo for contra o aborto, então a derrota também foi dele. Aliás, a derrota foi da vida.
Mas deixo aqui a questão para quem puder responder: afinal a Igreja Universal do Reino de Deus é abortista ou não? Porque pior do que ser derrotado no debate, é não ter uma opinião a defender. Pior do que ser morto pelos seus ideais é não ter princípios nem um posicionamento claro diante das situações da vida. Pior do que não ganhar é se omitir e ainda posar na foto ao lado dos vencedores. Quem perdeu? Quem ganhou?
Alexandre Santos
"A IURD é à favor da legalização do aborto em casos como estupro, mal formação do feto, ou quando a vida da mãe está comprovadamente ameaçada pela gestação.
O líderes da IURD, com base em (Eclesiastes 6.3-6), pregam que a pessoa que vive uma vida infeliz, sem a salvação eterna e que não passou pelo "novo nascimento" que Jesus pregava (João 3.3), seria melhor que não tivesse nascido.
Ressalte-se que na legislação brasileira, desde 1941, o aborto já é permitido nos casos de estupro ou quando há ameaça à vida da gestante".
"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o
outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome
que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos."
(São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)