Sabe aquela sensação que dá na gente, aquela sensação de querer se expressar, botar tudo pra fora e não saber como? Pois é. Isso acontece quase sempre. Está me faltando inspiração. Será mesmo?

Sempre quando estou passando por alguma dificuldade que me faz sentir assim, sem saber o que dizer, sem saber como resolver, sabe o que eu faço? Procuro superar esse problema saindo de mim mesma e indo ao encontro do outro. Oportunidades não me faltam nunca.

Outro dia ligaram pra mim pedindo-me para passar a tarde com uma pessoa que estava internada no Hospital da Restauração. Imaginem a situação que eu vi quando cheguei lá, a quantidade de pessoas doentes espalhadas pelos corredores. Macas enfileiradas, homens, mulheres, idosos, jovens, todos juntos. Enfim, um verdadeiro caos, como sempre foi a saúde no Brasil. Apesar de toda a dificuldade, passamos uma tarde e tanto. A minha agora amiga - pois antes não a conhecia pessoalmente - contou-me coisas muito importantes de como tinha sido a sua vida, desde a infância até a sua fase atual. Estabelecemos entre nós a presença de Jesus, (Mt 18,20). Foi por isso que ela abriu sua alma, porque a nossa conversa não foi uma conversa banal, tínhamos Jesus em meio a nós. Ela dizia-me que falou coisas que só pessoas íntimas e sua psicóloga, sabiam sobre ela. Fiquei com ela até às 20:30, quando chegou uma pessoa para passar a noite.

No dia seguinte recebo outro telefonema pedindo-me para ir novamente ao Hospital passar a tarde com ela. Vi que estava sofrendo muito com a situação indefinida em relação a sua saúde, porque faziam dois dias que nenhum médico tinha passado para vê-la, pois estava ali aguardando para fazer uma ressonância magnética. As difuldades enfrentadas pelos pacientes da rede pública são imensas. Às vezes as pessoas saem mais doentes do que quando entram. Eu nunca ouvi tanto barulho dentro de um hospital, uma verdadeira falta de respeito, tanto dos acompanhantes quanto dos funcionários. Saí de lá preocupada com seu estado pois ela estava com um dor de cabeça e na coluna que não a deixavam.

Uns dois dias depois, telefonei pra saber como estava e ela me dizia que estava de alta, pois tinham descoberto a causa do problema. Fiquei feliz por ela, porque, a seu devido tempo, tudo estava caminhando para o pronto restabelecimento da sua saúde, muito embora ela ainda inspire certos cuidados.

É isso! Cada vez que faço uma experiência desse tipo, saio ganhando mais por ter levado conforto e alento para quem estava necessitado.