Numa praia, havia uma porção de gaivotas em busca de seu alimento, enquanto apenas uma, sozinha, tentava voar de maneira diferente das outras, de um modo muito especial, mas não conseguia, caía. Só que nunca desistia! Tentava voar cada vez melhor!
Quando finalmente conseguiu, descobriu o quanto se amava e o real sentido de viver!
Descobriu que podia aprender a voar, ser livre!
Agora, o importante não era receber elogios por sua vitória, queria apenas partilhar com seus amigos o que havia descoberto. Mas eles só lembravam de comer os restos deixados pelos pescadores, migalhas de pão e peixes velhos, pela metade.
Assim, não deram importância ao amigo Fernão Capelo Gaivota, que, por sua insistência em fazê-los ouvir, acabou por ser excluído do grupo, tendo de viver sozinho em um lugar muito distante.
Mas nem isso fazia Fernão ser triste. O que o entristecia era ver que seus amigos não queriam aprender a voar, aprender a ser feliz, aprender a pegar peixes frescos em cada mergulho magnífico que podiam dar.
Descobriu que o medo e o tédio são as razões porque a vida de uma gaivota é tão curta, e, sem isso a lhe perturbar, viveu de fato uma vida longa e feliz.
Quando foi para uma terra longínqua conheceu Henrique, que lhe ensinou muitas coisas! Seu mestre Henrique, porém, foi embora; coube, então, a Fernão Capelo Gaivota a missão de ensinar as novas gaivotas a voar.
Foi no momento em que essas gaivotas pequenas ficaram um pouco maiores que ele percebeu que já haviam aprendido o necessário e que podiam continuar sozinhas. Então, mesmo ainda sem permissão, resolveu voltar para a sua terra, tentando finalmente mostrar a felicidade de voar a seus antigos amigos.
Queria poder ensinar que o paraíso não é em um lugar nem é um tempo determinado, que o paraíso é perfeito, que está ao alcance de todos. É que basta querer que todos podem ir a qualquer lugar, a qualquer momento.
Realizando os vôos que aprendera, voltou próximo à sua terra. O mais velho do grupo, contudo, impediu que os demais falassem ou mesmo olhassem para Fernão. Todavia, ao perceberam os seus movimentos e lembrando a antiga amizade, foram se aproximando desejando aprender a voar também.
– Pode me ensinar a voar como você? – perguntou um deles.
– Claro – disse Fernão.
E começou a ensinar que o corpo é o nosso pensamento numa forma que podemos visualizar. Então, para voar, basta querer! Ensinou tudo o que tinha aprendido com seu mestre amigo Henrique e mais o que aprendera sozinho ensinando as gaivotas mais novas.
– Deu certo! – gritou uma gaivota ao conseguir voar livremente.
– Dá sempre certo quando sabemos o que estamos fazendo – respondeu Fernão. Assim foram passando os dias e ensinando mais e mais gaivotas. Todas aprendiam! Umas mais devagar, outras mais rápidas, mas todas, quando queriam, aprendiam.
Quando novamente Fernão Capelo Gaivota percebeu que estava na hora de crescerem sozinhas, partiu para outra terra longínqua a fim de divulgar ainda mais seus movimentos. E assim foi ensinando a quem quisesse ser feliz. Seus discípulos mais tarde fizeram o mesmo, ensinando outras novas gaivotas…
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"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o
outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome
que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos."
(São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)