quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Máscaras
O estágio evolutivo em que se encontra a humanidade, o da civilização, mostra que, no processo, o regime da força, dos instintos animalescos, foi substituído pelo da astúcia. Procura-se a vitória utilizando-se
máscaras, que escondem a verdadeira personalidade do seu usuário. Assim se porta a maioria da nossa sociedade e o exemplo mais enfático é o da nossa classe política. Com honrosas exceções, o que se esconde por trás da beleza das máscaras com que se apresentam os nossos políticos?
A arte de se mascarar, historicamente marcante no carnaval de Veneza, pode ser tomado como emblema para a astúcia do atual estágio evolutivo do homem civilizado. A
máscara tem sido a sua principal arma para conquista de seus objetivos, nem sempre confessáveis. Na sociedade tem sido apenas uma arma para esconder fragilidades de personalidades. A evolução, através da espiritualização, vai nos mostrar por inteiro, como de fato somos. J. Meirelles.
Admiremos a beleza das máscaras e das vestes dos mascarados de Veneza, uma verdadeira arte, e meditemos sobre o texto do grande Drumond de Andrade, que, no campo romântico, mostra-nos como é difícil deixar de usar a
máscara. Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata!
Fácil é ouvir a música que toca.Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.Fácil é ditar regras.Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invésde ter noção das vidas dos outros.Fácil é perguntar o que deseja saber..Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.Fácil é dar um beijo.Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.Fácil é ocupar um lugar na agenda telefônica.Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.Fácil é ver o que queremos enxergar.Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.Fácil é sonhar todas as noites.Difícil é lutar por um sonho.Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.Difícil é mentir para o nosso coração.Fácil é dizer "oi" ou “como vai”?Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.Fácil é querer ser amado.Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais. Carlos Drumond de Andrade.Marcadores: Arte, Máscara, Poli[ítico, Sociedade
Escrito por
23:38.