Doce Deleite



segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Acerte, acerte, Soares!



Quero lhes contar a história de um famoso telepregador, conhecido como missionário, o qual tinha muitos admiradores em todo o mundo. Apesar do sucesso que fazia, ele não pregava na TV mensagens evangelísticas, mas promovia shows para evangélicos — é claro que qualquer semelhança com algum telemissionário da vida real é apenas uma mera coincidência.

Mais conhecido pelo sobrenome — em razão de não gostar de seu nome —, ele tinha um grande carisma e facilidade para transmitir mensagens sobre a fé, seu tema predileto. Além disso, aparentava ser um homem piedoso.

Alguns amigos dele, de outros segmentos evangélicos, comentavam que ele cometia alguns erros gritantes, porém não tinham coragem de dirigir-lhe uma crítica diretamente. Já os seus desafetos faziam isso de maneira grosseira e ofensiva, não atingindo o objetivo de ajudá-lo. Havia, ainda, alguns que o criticavam de modo zombeteiro, como que incentivando-o a continuar a pregar certas heresias:

ERRE, ERRE, SOARES! — zombavam.

Surgiu então um escritor, Apolo Getúlio, conhecido — devido à sonoridade de seu nome — como Apologeta, o qual, com o objetivo de ajudar o telemissionário, lhe enviou uma carta. A intenção era orientar o famoso telemissionário, contrapondo-se aos pseudo-apologetas, que apenas o criticavam por criticar e escarneciam dele.

Eis a longa carta de Apologeta ao telemissionário Soares:

"Caro missionário Soares,


Que a graça e a paz sejam derramadas sobre a sua vida.

De uns tempos para cá, principalmente graças às suas pregações na TV, uma mania se instalou no meio evangélico. É a chamada “determinação”, não no sentido de resolução, definição ou tomada de posição. Alguns crentes pensam mesmo que podem realizar milagres mediante o pronunciamento de palavras mágicas, como se fossem deuses! O senhor ensina que, ao determinar, o crente dá ordem ao Diabo. Isso não é uma incoerência, caro missionário?

Podemos, se for necessário, dar ordem aos demônios, em nome de Jesus, mas, no caso da oração, devemos nos dirigir ao “Pai nosso”, como Jesus ensinou (Mt 6.9-13). À luz da Bíblia Sagrada, somente Deus pode determinar. Tudo, de fato, acontece, obedecendo à sua ordem (Gn 1.3; Sl 148.4,5). Afinal, quem é o homem mortal para determinar que alguma coisa aconteça? Jesus nunca ensinou que devemos determinar, mas disse: “Pedi, e dar-se-vos-á...” (Mt 7.7).

O senhor tem se baseado em suas experiências. Mas não está se esquecendo de que é a Palavra de Deus que deve verdadeiramente guiá-lo (Sl 119.105)? Essa postura do senhor tem contribuído para que muitos pregadores considerem as suas experiências ou as de outros “homens de fé” como revelações iguais ou superiores às Escrituras. Isso não é perigoso?

Infelizmente, o senhor e todos os pregadores da “determinação”, no afã de ensinarem essa suposta maneira de se alcançar respostas de Deus, têm empregado textos bíblicos fora de seus contextos. Citam, por exemplo, a parte final de Daniel 11.36: “... aquilo que está determinado será feito”. Ora, essa passagem menciona o que está determinado por Deus, e não pela boca de homens falíveis (cf. At 1.7; 17.26)!

É preciso mesmo usar essa prática de "determinar" para alcançar as bênçãos de Deus? Na Bíblia, aprendemos a orar em humilhação perante o Senhor (Jr 33.3; 2 Cr 7.14,15). Os primeiros crentes oravam com ousadia, e o Senhor lhes respondia (At 4.29-31). Seria, missionário Soares, a “determinação” mais poderosa do que a verdadeira oração, em humilhação perante o Senhor?

Sinceramente, me incomoda esse negócio de falar com o Diabo... Oração não é um diálogo com Deus, em nome de Jesus? Muitos pregadores da atualidade, inclusive o senhor, têm mudado o foco da oração com a maior naturalidade... Jesus nos ensinou como devemos orar. O Mestre, em Mateus 6.5-13, deixou-nos um modelo de oração, da qual destaco algumas características, para que o senhor possa fazer uma reflexão:

1) A oração não é para alguém “aparecer”, como fazem os hipócritas (vv.5,6). Mas os pregadores da “determinação” (tenho notado) fazem questão de fazer orações “poderosas” em que desafiam o Diabo! O senhor acha que isso é correto?

2) As repetições vãs — ensinou Jesus — são desnecessárias (vv.7,8). Mas os pregadores em questão, inclusive o senhor, com todo o respeito, não só repetem frases de efeito, como mandam o povo repeti-las...

3) Jesus disse: “Portanto, orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome” (v.9). Note que a primeira palavra da oração de Jesus foi “Pai”, e não “Diabo”! Mas percebo que o senhor gosta de dirigir palavras ao Diabo...

4) A oração — ensinou o Mestre — deve começar com adoração a Deus e exaltação do seu nome (v.9). Os pregadores dessa verdadeira “fé na fé”, porém, começam exigindo, determinando e valorizando o “eu”. “Eu declaro; eu exijo...” Eu, eu e mais eu! Isso é certo, caro missionário?

5) O Senhor Jesus ensinou, ainda, que a prioridade, quando oramos, é a vontade de Deus, e não as nossas necessidades: “... seja feita a tua vontade...” (vv.10,11). Porém alguns pregadores parecem ter uma presunção tão grande, a ponto de dizerem que orar assim é uma demonstração de incredulidade.

Eu estou sinceramente preocupado com esse evangelho que o senhor tem pregado, que só enfatiza fé, prosperidade, cura, etc. O senhor, caro missionário, não está se esquecendo de pregar mais sobre a preciosa salvação em Cristo (2 Co 4.7)? Eu quase não ouço o senhor falar de Jesus, do plano salvífico... Ora, a salvação não é muito mais valiosa do que ter dinheiro, saúde e propriedade? A prosperidade material é sim importante, porém não é o principal (Mt 6.19-21; 1 Tm 6.10).

Muitos pregadores triunfalistas, como o senhor, falam como se nunca fôssemos morrer. Parece até que receberemos todas as bênçãos aqui na Terra... No entanto, a Palavra de Deus é clara: “Se esperarmos em Cristo somente nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Co 15.19). E quanto às provações e tentações? O senhor diz que o crente, depois de assumir uma posição de vitorioso e passar a determinar, viverá acima de tudo isso...

Mas, de acordo com a Palavra de Deus, o senhor está mais do que equivocado, com todo o respeito. Precisamos nos conscientizar de que as tribulações são uma realidade na vida de todos os que obedecem a Deus (1 Pe 5.8-10). A vida cristã genuína é marcada por renúncia, santidade, provação e perseguição — é uma batalha constante. Daí Paulo ter dito ao jovem Timóteo: “Sofre, pois, comigo as aflições, como bom soldado de Cristo” (2 Tm 2.3).

Mas muitos “mestres da fé” têm enganado o povo de Deus, dizendo que o crente vive acima das tribulações. Paulo, que jamais pregaria esse falso evangelho humanista, antropocêntrico, afirmou: “Porque, como as aflições de Cristo abundam em nós, assim também a nossa consolação abunda por meio de Cristo” (2 Co 1.5). Observe: “aflições de Cristo”, isto é, aflições por causa do amor a Cristo. E elas são muitas: “abundam” (cf. 2 Co 2.4).

Por mais que o senhor seja triunfalista e propagador de um deus “Papai Noel”, com todo o respeito, afirmando que o crente precisa aprender a usar o poder da fé, a fim de que viva sem aflições, as Escrituras, que não mentem, dizem: “... a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente” (2 Co 4.17). Conquanto muitos não aceitem essa verdade, caro missionário, as tribulações são uma realidade na vida do salvo (2 Co 1.6). E elas ocorrem com propósitos definidos, como manifestação da glória de Deus e aperfeiçoamento (1 Pe 2.19-21).

Em 2 Timóteo 3.12, está escrito: “... todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições”. O senhor também afirma (e valoriza autores que afirmam) que, se o crente ficar doente, está em pecado, não entendeu o que é viver pela fé, ou está dominado pelo Diabo. O senhor não acha que esse tipo de mensagem visa a agradar o ser humano e atendê-lo em suas necessidades restritas a essa vida, como saúde, prosperidade e bem-estar?

Desculpe-me da franqueza, mas onde ou com quem o senhor aprendeu que todas as doenças provêm do Maligno? A Palavra de Deus afirma que toda carne é como a erva, e a glória do homem como a flor da erva (1 Pe 1.24). O ser humano se desgasta, pois o seu corpo é corruptível (2 Co 4.16). Um dia, os salvos se revestirão de incorruptibilidade (1 Co 15.54); por enquanto, embora Jesus tenha poder para nos curar, segundo a sua vontade (1 Jo 5.14; Mt 6.9,10; 26.42), estamos sujeitos às enfermidades.

O senhor prega a saúde perfeita e sempre a “exige”, afirmando que Senhor cura sempre, pois a saúde é um direito do crente. Por que, então, Eliseu morreu em decorrência de uma enfermidade (2 Rs 13.14)? Por que Timóteo e Trófimo não foram curados (1 Tm 5.23; 2 Tm 4.20)? Estariam esses homens de Deus endemoninhados? Jó e Lázaro estavam igualmente possessos, quando adoeceram (Jó 1.1; 2.12,13; Jo 11.1-4)? Se a saúde é um direito do crente, por que ele fica doente?

Muitos dos propagadores da saúde perfeita, mesmo enfatizando que a saúde é um direito do crente, usam óculos (às vezes, com lentes do tipo “fundo de garrafa”), contraem doenças, como artrite, deficiências na audição, osteoporose, câncer, etc. Embora não aceitem a evidência de que o ser humano se desgaste ao longo dos anos, ela é uma realidade (Sl 90.10). Soube, inclusive, que o senhor, há pouco tempo submeteu-se a uma cirurgia...

Há alguns anos, um dos principais gurus e propagadores da confissão positiva — por sinal, muito admirado pelo senhor, caro missionário, que inclusive sempre faz referências aos seus livros —, o qual se gabava de ter uma saúde perfeita e de que nem remédio para dores de cabeça tomava, morreu.

Outra coisa muito desagradável que o senhor tem pregado, na TV, é que o Senhor Jesus sofreu em nosso lugar no Inferno. Isso é uma grande heresia, que o senhor certamente aprendeu com os chamados mestres da fé... O Senhor Jesus triunfou na cruz, missionário! O senhor nunca leu Colossenses 2.14 e Hebreus 2.14? Foi na cruz o que Senhor bradou: “Está consumado” (Jo 19.30).

Caro missionário, termino aqui a minha carta, acreditando que o senhor refletirá sobre o que realmente a Palavra de Deus diz. Estou orando pelo senhor...

ACERTE, ACERTE, SOARES!

Com apreço,


Apologeta"

Espero que todos os seguidores do famoso telemissionário, ao concluírem a leitura desta carta, não fiquem bravos com o Apologeta, mas façam uma reflexão à luz da Bíblia, a Palavra de Deus.

Ciro Sanches Zibordi

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Natural de Recife-Pe

"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos." (São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)

"Hoje, o que os outros pensam de mim muito pouco me importa [a não ser que sejam pessoas que me amam], porque a minha salvação não depende do que os outros pensam de mim, mas do que Deus sabe a meu respeito".




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