quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
A saga do amarelinho II
"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".
Em outubro passado empreendi, junto com César, uma viagem para Itaberaba-BA, a fim de resgatar o
amarelinho que havia sido furtado. Pois bem: quatro meses depois, estavámos nós de novo, empreendendo uma nova viagem com ele. Dessa vez, não para resgatá-lo, mas para levá-lo para Angela em Aracaju.
Antes dessa última viagem, ele ficou a maior parte do tempo na garagem, pois alguns reparos tinham que ser feitos, por isso evitávamos sair com ele. Mas como ele não é de ficar muito tempo parado, logo que soubemos que Angela pensava em comprar uma moto para um novo trabalho, mamãe pensou imediatamente em mandá-lo para ela. De comum acordo vimos que César seria a pessoa ideal para levá-lo e eu, claro, iria acompanhando-o. Quando contatamos César ele se prontificou de imediato para nos ajudar no conserto e na viagem. Tudo isso aconteceu na quarta-feira, dia 17. Na quinta, à tarde, ele veio dá uma olhada no carro e viu que precisaria de um mecânico para ajudá-lo a levar para oficina. Então no dia seguinte ele veio com o mecânico e levou-o para fazer os devidos reparos. No final da tarde fui buscá-lo.
Acertamos que no dia seguinte, no sábado, abasteceria e comparia uns acessórios que estava faltando, mas, ao ligá-lo, ele não pegou, e César teve que vir aqui para descobrir o porquê do defeito. Descoberto o defeito combinamos de viajar no domingo bem cedo. A ajuda de César foi imprescindível em todo esse processo. Sem ele levaríamos muito mais tempo e dinheiro para resolver.
Partimos no domingo rumo a Aracaju com o amarelinho para Angela. Faríamos uma surpresa para ela. A viagem transcorria normalmente, quando, alguns quilômetros antes da divisa Alagoas-Sergipe, o danadinho parou por causa de uma peça que havia caído na estrada. Sem essa peça não podíamos seguir viagem e não tínhamos uma ferramenta sequer que pudesse nos ajudar a resolver o problema. Foi então que César, a l
a Magaiver, tentou fazer uma gambiarra para tentar colocar o carro para andar sem derramar combustível. Ele me pediu que fosse a uma casa que tinha do outro lado da estrada para pedir uma faca amolada para cortar um pedaço de borracha e colocar no local da peça. Por sorte nossa , naquela casa, tinha um senhor sentado num banco, parecia que estava à nossa espera. Ele, sempre solícito, ajudou no que pode.
Até que César mostrou uma peça igual aquela que tinha caído e disse que achava que ela havia caído a alguns metros atrás e se tivesse alguém que pudesse, com uma bicicleta ou moto, procurar a tal peça, talvez a encontrasse. Então eu mesma resolvi ir atrás dessa bendita. Comecei a caminhar pelo acostamento olhando para a pista e para o lado na esperança de encontrá-la. Era uma curva e uma descida. A medida que eu me distanciava ia perdendo o carro de vista. Catei dois pedaços de peças de carro que achei na estrada. Talvez, de algum modo, servisse para alguma coisa.
Era entre meio-dia e uma da tarde e o sol estava muito forte, mesmo assim soprava uma brisa. Então pensei que seria hora de voltar, mas refletii: e se eu voltar e a peça estiver logo adiante? Resolvi seguir até um certo ponto, pois ir muito longe também não adiantaria. Foi quando vislumbrei na beira da pista uma peça semelhante a uma vela de carro e me aproximei para pegá-la, quando a peguei tinha quase a certeza que seria a dita cuja. Voltei então com a tal peça e os trecos que catei na estrada.
Quando tornei a ver o carro, César estava lá de longe, acenando pra mim. Apressei os passos e quando cheguei lá ele já havia feito outra gambiarra que, dessa vez, tinha dado certo. Ele perguntou-me se eu havia encontrado e quando eu mostrei, ele disse: é essa peste mesmo! Guardei então a bendita para César colocar no lugar quando chegássemos, e seguimos viagem. Paramos já em Sergipe para abastecer e fazer um lanche, depois disso continuamos.
Chegamos por volta das 14:30. O nosso destino era o Aeroporto, onde Angela, naquele momento, estava trabalhando. Quando chegamos havia uma multidão saindo de um voo que acabava de chegar. Enquanto aquela gente sai eu entrava, abrindo passagem, para chegar até onde ela estava. Quando cheguei na agência comecei a pular e acenar para ela. Vê-la de cara espantada, com as mãos na cabeça, surpresa com a nossa chegada e depois vindo ao nosso encontro para abraçar-nos, foi bom demais!
Depois de toda essa empreitada, dos obstáculos, do desgate da viagem, enfim, de tudo que tivemos que enfrentar para chegar até o nosso destino, vimos que tudo isso não foi nada, comparado a alegria que proporcionamos; a felicidade que vimos estampada no rosto, o brilho no olhar... Tudo isso me fez lembrar daquela famosa frase de Fernando Pessoa:
"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".
Marcadores: Família, Viagem
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13:30.
