Todos nós temos pedras no caminho da nossa história. Quem não lembra das pedras, que ao longo da vida, foram atiradas em nossa direção? Quem não lembra das pedras que arrancaram uma unha do pé? Quem nunca caiu por tropeçar numa pedra?
Quem nunca tropeçou e sentiu-se envergonhado, que atire a primeira pedra!!!
Perdemos as contas de quantas foram as pedras que encontramos no nosso caminho.
Apesar das dores de todas as pedras, nenhuma suscita tristeza quando lembrada. As que suscitam dor são as que machucaram a alma. Mas elas estão aí para nos lembrarem que a cada queda existe a possibilidade de nos reerguemos. Resta fazer uma escolha entre permanecer no pó ou levantar-se, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Decidir entre permanecer estendido no chão, lamentando a dor ou recorrer aquele que sempre nos ama, estando caído ou de pé, envergonhado ou desinibido, inocente ou culpado.
No chão, portanto, a escolha é entre olhar para os que riem da nossa queda e continuarmos estendidos, ou para aquele que sempre nos estende a mão e nos levantar.As pedras da Vergonha ferem com profundidade, mas parece que o sangue sai sem querer sair e a dor vai passando sem querer passar. Passam-se horas, dias, semanas, meses e anos, mas o líquido insiste em continuar jorrando.
Algumas delas nos fazem cambalear; outras cair. E, como que com um poder sobrenatural, elas insistem em nos querer dizer que não seremos capazes de recuperar o equilíbrio e continuar no caminho da vida. Caídos, chegmamos a nos desanimar.
Tais pedras não aparecem aleatoriamente nos caminhos pelos quais trilhamos. Surgem, também, do arremesso daqueles que, insatisfeitos com nossas conquistas, decidem dificultar nossa trajetória. Ou ainda, dos que, por errarem seus alvos pessoais, nos atingem. Nesse caso, não era a pedra que estava em nosso caminho, mas nós, no caminho da pedra.
(Texto, com adaptações, de Edvar Gimenes de Oliveira, pastor da igreja Batista da Graça, Salvador-BA)
*Fernando Pessoa, poeta português
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