Nestes dias de Natal, inclusive nos países onde predomina o inverno mais rigoroso, uma tepidez espiritual invade as casas.
Há alguma coisa no ar como em nenhuma outra época. Um clima que traduz uma chegada.
Nem todos falam disso, mas todos percebem. Até aqueles que não crêem em Deus inventam alguma fábula ou personagem para justificar a exigência que sentem de felicitar, de se alegrar.
Já faz algumas semanas, as ruas, as lojas, as casas resplandecem de luzes, cobrem-se de cores, especialmente nas cidades maiores.
E, depois, todo coração se torna melhor no Natal. Refletem isso os presentes que muitos trocam.
Belo costume, esse!
Como imaginar um ano sem Natal?
Entretanto, sentimos que alguma coisa falta na sociedade de hoje... mesmo no Natal.
Todas essas exterioridades feitas de canções não são contrabalançadas por uma meditação profunda sobre o que é o Natal. A quem fazemos festa? Aos nossos filhos? A nós mesmos? A quem?
Por acaso, não é Jesus o preterido da maioria, o rejeitado do mundo, o esquecido de muitos, o centro, o único e exclusivo centro desta grande festa do ano?
Sim, é ele.
E queremos fazer sobressair a figura e a contemplação de Jesus acima de qualquer outra manifestação. Queremos que ecoe o seu nome acima de qualquer outro canto; que brilhe a sua luz mais do que qualquer outro lume externo.
Jesus, o Emanuel, o "Deus conosco", explica o Natal.
Explica sim, pois o Filho de Deus, puríssimo espírito, assumiu a nossa carne, nasceu criança entre nós, como qualquer outra criança, cerca de dois mil anos atrás.
Tudo isto fez para partilhar da nossa vida, crescer, trabalhar como nós, fundar a Igreja, morrer pela nossa salvação, a fim de nos levar, após esta vida, para a Vida à qual ele voltou ascen¬dendo ao Céu.
O Natal mostra o amor que Deus tem por nós.
Jesus menino é o presente mais excelso que o Céu já deu à terra, esta minúscula Terra perdida na imensidão dos espaços, entre bilhões de estrelas, mas tão eleita, tão escolhida, a ponto de se tornar morada do Deus verdadeiro que se fez homem.
O Natal nos proclama que Deus nos ama, que Deus é amor.
E nós não seremos cristãos autênticos se não dermos ao Natal o seu justo sentido, se não soubermos extrair deste mistério encantador, circundado por tantas aparências, a verdade que ele encerra.
Devemos fazer eco aos anjos que o anunciaram aos pastores e não perder nenhuma ocasião para comunicar aos irmãos, aos amigos, aos colegas, ao mundo, que o Amor desceu à terra por todos nós, cada um de nós, que no Natal ninguém se deve sentir só, abandonado, órfão, infeliz.
Jesus não veio só para os brancos, nem só para os negros; não veio só para os europeus, tampouco somente para outros povos. Deus se fez homem pela humanidade inteira, portanto, por todos e cada um de nós.
Então, é festa para todos, alegria para todos, liberdade para todos, paz para todos.
Ed. Cidade Nova dez/2008
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"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o
outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome
que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos."
(São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)