Se é verdade que um povo exprime a sua identidade também por meio de sua contribuição específica, no campo da estética e da configuração do espaço, podemos dizer que a primeira igreja do mundo dedicada a
"Maria, Mãe da Unidade", inaugurada recentemente, no Grande Recife, pode ser vista como uma expressão da vida, do pequeno
"povo" dos Focolares. A igreja, projetada como um "grande abraço" em direção a humanidade, como um espaço de acolhida para todos, exprime o estilo de vida das pessoas que procuram viver a Espiritualidade da Unidade, de Chiara Lubich.
A igreja
"Maria, Mãe da Unidade" é fruto da vida e da comunhão de bens dos membros do
Movimento dos Focolares em sete estados do Nordeste e da compreensão da fundadora dos Focolares de que era chegada a hora de construir monumentos de pedra e cal àquela que sempre foi modelo de
"Humanidade Realizada" para milhões de homens e mulheres, que a seguiam no seu caminho espiritual.
"E o complemento, o sinal de que já havia uma igreja de pedras vivas", explicou Chiara Lubich quando aprovou o início das obras, em 2004.
A primeira doação para a construção cobria a metade dos custos do projeto, e foi entendida como um indicativo de que já se poderia lançar os alicerces dessa igreja. O local escolhido para a realização do projeto foi a
Mariápolis Santa Maria, pequena cidadezinha-testemunho do Movimento dos Focolares, Em Igarassu-PE, que Chiara mesma havia inaugurado nos anos 1960, quando esteve no Brasil, pela segunda vez, deixando aqui uma
"casa" para a comunidade nascente do Focolare.
A presença espontânea de mais de 1.500 pessoas na inauguração do edifício, numa tarde de domingo, parecia demonstrar o quão viva e numerosa é essa comunidade, no limiar de 2009, quando se comemora os 50 anos da chegada dos primeiros focolarinos ao Brasil. Uma comunidade que não mediu esforços para cobrir o restante dos custos da construção doando bens, energias, talentos profissionais e tempo; uma comunidade que aplaudiu emocionada a dedicação do templo à Maria, numa cerimônia marcada pela simplicidade, pela alegria e pelo rico simbolismo da liturgia, no dia 12 de outubro, dia também dedicado a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.
"A Mariápolis Santa Maria jamais será a mesma", avaliou uma das autoridades presentes à inauguração da igreja. De fato, o edifício mudou inteiramente o cenário dessa cidadezinha-testemunho. Fincada a poucos metros da entrada da Mariápolis, a igreja
"Maria Mãe da Unidade" tem a forma de um abraço, definido por duas paredes sob um teto plano, com a fachada frontal praticamente sem paredes, formando um vão amplo, sustentado por uma estrutura quase imperceptível. Sua torre destaca-se como elemento vertical, realçando a entrada frontal do sacrário.
Aos arquitetos Augusto Aragão e Paula Maciel, autores do projeto, coube uma breve descrição de seus atributos teológicos;
"A concepção deste espaço surgiu do desejo de propiciar a comunhão entre a nave e o santuário, entre a presença de Jesus na comunidade e a presença de Jesus na Palavra, na eucaristia e na hierarquia, e isso foi expresso pela forma semicircular que aproxima todos do local do sacrifício".As duas paredes, que se iniciam numa praça e chegam no interior da igreja, representam um abraço, sinal visível de aclhimento e que, segundo os arquitetos,
"fazem referência a Maria: imenso céu que contém o amor". E o fato de o sacrário ficar resguardado quase que tão somente por portas e janelas envidraçadas, para os autores do projeto, quer dizer que
"se alguém ainda não se sente partícipe da família dos cristãos, Maria o acolhe e, do pátio, o conduz a Jesus no santuário". Inserida no volume, a torre, com sua verticalidade, recorda que, por meio do relacionamento com o próximo, é que se chega a união com Deus.
Toda a arquitetura da igreja, convida ao encontro com Deus que tudo permeia e que, ainda assim, permanece mistério.
"Ao concebê-la e construí-la esperamos que todos tenhamos sido instrumentos dóceis à vontade de Deus e que este templo tenha sido e continue sendo a expressão da sua vontade , para a sua glória e para a santificação de muitos", afirmaram Augusto e Paula.
Mas não só a arquitetura do templo exprime a experiência de comunhão do "povo dos Focolares"; também todas as etapas do projeto foram marcadas profundamente pelo espírito de comunhão fortalecido pela firme decisão de seus protagonistas de sempre dobrar-se para não romper a caridade. Em diversos momentos da solenidade veio em evidência a dimensão comunitária da experiência.
"Agradecemos a cada operário e a cada profissional que empregaram tantas horas de suas vidas para transformarem, em edifício, uma realidade espiritual partilhada por toda a Obra de Maria (Movimento dos Focolares)", ressaltaram os focolarinos Ana Lúcia Bandeira, e Ivanaldo Araújo, representantes dos Focolares na região Nordeste;.
Não queremos que ninguém se sinta fora desses agradecimentos, afinal essa igreja foi construída, dias após dia, com o amor e a vida de cada um", concluiram eles, cujas palavras foram seguidas por um caloroso aplauso, manifestando evidente alegria de todos por fazer parte da história que está por trás dessa igreja.
Por Andréa MoreiraFonte:Revista Cidade NovaDez/2008.