Quando um protestante diz "Leia a Bíblia", no fundo quer dizer: "leia e interprete livremente a Bíblia e tenha, nela, a sua única fonte de fé".
Ler a Bíblia por mero hábito de leitura não é problema algum. O problema é tirar, desta leitura, interpretações enviesadas e subjetivas. O problema é tirar, desta leitura, os cristianismozinhos apequenados e distantes da verdade, que pululam nas igrejas protestantes.
Igualmente, a Missão do Magistério não é, simplesmente, recitar a Bíblia para os fiéis. Cabe ao Magistério abrir-nos as Escrituras, quer dizer, interpretá-las, dar-lhes o sentido exato e preciso. Ao fiel cabe escutar, não a recitação, mas a catequese que se faz sobre o texto Bíblico e sobre a Tradição da Igreja.
Os protestantes também têm o hábito de fazer a leitura bíblica, em voz alta, por uma pessoa “autorizada” que após a leitura faz uma explanação sobre o texto. Ocorre que estas "pessoas autorizadas", rompendo com a Igreja apostólica, autorizaram-se a si mesmas. Portanto, esta autorização não é, digamos, tão autorizada assim.
Se todo cristão pode ler e interpretar livremente a Bíblia, porque as igrejas protestantes indicam "pessoas autorizadas" para ajudar os fiéis? Ora, se o protestante lê e entende a Bíblia sob a batuta de "pessoas autorizadas", então, o livre exame é mandado às favas e o Magistério Universal da Igreja católica é preterido, não em função de uma liberdade bíblica, mas em função de magistérios particulares.
Não pretendemos aqui “ler a Bíblia” segundo a orientação dos mais ignóbeis ignorantes que lhe ensinaram e o levaram para bem distante do caminho da verdade. Sabe por quê? No protestantismo, qualquer Zé Mané merece mais respeito do que um Agostinho de Hipona ou um Tomás de Aquino. Qualquer um se intitula pastor ocupando os postos das tais "pessoas autorizadas" e conduzindo suas ovelhas. Pobres ovelhas...
A Bíblia é um livro muito complexo. Foi escrito num intervalo de séculos, por dezenas de autores diferentes. Foi redigida em três línguas absolutamente desconhecidas da quase totalidade dos ocidentais, num ambiente cultural e religioso bastante diverso do atual.
Para entender tal livro, não basta a sua leitura. Não basta um ano. Para entendê-lo, necessita-se de profundo conhecimento óbvio que aquele que recebeu as explicações do mestre aproveitará melhor as lições do que aquele que leu o texto sozinho. É por isto que os católicos verdadeiros conhecem muito mais a Bíblia do que os protestantes. Eles têm um Magistério instruído diretamente por Jesus para lha explicarem.
Sabe por que razão a leitura bíblica não causou nenhum mal ao eunuco de Candace? Porque ele não era um protestante! Não se julgava um possuído pelo Espírito Santo e, conhecendo suas limitações, não tentava retirar doutrinas de sua leitura insipiente. "Como entenderei eu se não houver quem o explique?" Esta é a postura de um católico, esperando explicações dos apóstolos.
Mesmo um ex-pastor protestante, hoje Diácono Francisco, da Igreja Católica, professor de Teologia, dá esse testemunho a você:
Aprendi, como protestante, e ensinei que a Virgem Maria é uma mulher como outra qualquer, Deus me perdoe por tanta ignorância. Era espiritualmente cego, pois lendo a Bíblia todos os dias decorando versículos sem parar, não era capaz de ver a grandeza daquela que Deus predestinou para ser a Mãe do Deus Encarnado. No passado, tornei-me inimigo da Mãe de Deus, mas hoje sou Católico, Apostólico Romano e Diácono da Virgem Maria, pela graça de Deus.
Sigam o exemplo dele. As palavras podem até conter um sabor de efeito especial. Mas somente os exemplos arrastam.
Augusto César.