Salmo - Sl 24
Evangelho - Mc 1,12-15

Nesta primeira leitura vem à tona a figura de Noé, que é o protagonista dos capítulos VI ao IX, do livro do Gênesis.

Na geração de Noé, Deus, diz o texto bíblico de maneira antropomórfica, se tinha arrependido de ter criado o homem e a mulher, porque a humanidade se teria involuído, multiplicando pecados, transtornando completamente os planos do Criador, depravando-se totalmente.

Noé será o encarregado de manter a estirpe humana, depois que as águas do dilúvio, lavaram pela primeira vez, de acordo com o texto, este mundo mandando para a condenação, todos aqueles que praticavam o mal.

Na segunda leitura deste domingo, Pedro faz uma alusão a este episódio de Noé, nos diz, por ocasião daquelas águas destrutoras, Noé com mais sete pessoas, foram salvos.

Dá um passo a mais, e diz a seus leitores, que esta é a figura do Batismo.

Na verdade as águas do Batismo, são águas em primeiro lugar destrutoras, são águas que destroem os vícios. Paulo, que faz uma bela teologia a respeito do Batismo na carta aos Romanos, diz que todo ser humano pecador, é sepultado nas águas de seu próprio Batismo.

As águas têm, primeiramente, a função de destruir, lavar, purificar, de cancelar todo o pecado que reina em cada um de nós.

As águas do dilúvio purificaram a humanidade, destruindo a depravação que lá existia, as águas do Batismo lavam-nos, purificam-nos, cancelam todo o mal que existe dentro de nós.

Porém a vida de um batizado não é necessariamente a vida de um santo, embora batizados, muitas vezes acontece que não obedecemos a Deus, e a nossa peregrinação pós-batismal até a pátria prometida, é uma peregrinação onde estão presentes muitos pecados.

É por isto que a terceira leitura nos fala uma vez mais do jejum , o jejum deve ser entendido, não no caso de Cristo, mas no nosso caso em primeiro lugar, um jejum dos pecados lavados e purificados pelas águas do Batismo, nós podemos contrair novas faltas, e então o jejum do pecado, nos torna puros, santos, agradáveis e imaculados diante de Deus.


Eis a nossa tarefa quaresmal!

Padre Fernando J. C. Cardoso
Arquidiocese de São Paulo