A natureza dos argumentos que eles usam contra a Igreja, desqualifica não só o Catolicismo, mas o Cristianismo como um todo. Veja como pensam alguns estudiosos sobre o assunto:
"O cristianismo não destruiu o paganismo; ele o adotou... a idéia da divina trindade veio do Egito, assim como o Juízo Final e a recompensa dos bons e a punição dos maus." (DURANT, 1944)
"A ressurreição veio da estória síria de Adônis; a estória de um deus morrendo e salvando a humanidade vem do culto a Dionísio, da Trácia; da Pérsia veio o milenarismo, as 'eras do mundo', a luta final do bem e do mal, o dualismo de Satã e Deus, das Trevas e da Luz; no quarto evangelho Cristo é 'a luz que brilha nas Trevas e as trevas não puderam contra ele'. O ritual mitraísta lembrava em muito a Eucaristia da Missa..." (Ibid.).
"Se o paganismo foi conquistado pelo cristianismo, o cristianismo foi corrompido pelo paganismo. O deísmo dos primeiros cristãos foi mudado, pela Igreja de Roma, no incompreensível dogma da Trindade. Muitos dos ensinos pagãos, inventados pelos egípcios e idealizados por Platão, foram considerados dignos de fé. A doutrina da encarnação e da transubstanciação foram adotadas como certas, apesar de serem tão absurdas como o antigo rito pagão de ver as entranhas dos animais para prever o destino dos impérios".(GIBBON, 1891).
"O Épico de Gilgamesh é uma narrativa volumosa de mitologia heróica que incorpora muitos dos mitos religiosos da Mesopotâmia, e é a obra literária completa mais antiga que sobreviveu. [...] Muitas das histórias desse épico foram eventualmente incorporadas no livro de Gênesis. Algumas histórias emprestadas do livro de Gilgamesh são a criação do homem num jardim paradisíaco, a introdução do mal num mundo inocente, e a história do grande dilúvio causado pela perversidade do homem” (PAGELS, 2003).
Os fragmentos acima dizem respeito às doutrinas como a Santíssima Trindade, a Encarnação do Verbo, a Ressurreição do Senhor, a criação do homem, nas quais também crêem os cristãos protestantes.
Como se vê as acusações “à moda” protestante identificam todo o Cristianismo como uma religião herdeira do paganismo. Tal é a conclusão de Duran: "o cristianismo foi a última grande criação do antigo mundo pagão" (DURANT, 1944).
Conclusão:
"A história de Cristo é simplesmente um mito verdadeiro. Um mito que trabalha em nós da mesma forma que os outros, mas com esta diferença tremenda: que ele realmente aconteceu e a pessoa deve estar contente em aceitá-lo na mesma forma, lembrando que é mito de Deus onde os outros são mitos dos homens; isto é, as histórias pagãs são Deus expressando a si mesmo por meio das mentes dos poetas, usando tais imagens como ele as encontrou lá, enquanto o cristianismo é Deus expressando a si mesmo por meio daquilo que chamamos de 'coisas reais' [...] a saber, a encarnação real, a crucificação e a ressurreição." (Hooper,1999).
Esta observação de C.S.Lewis parece estar em plena conformidade com o ensinamento de São Paulo:
"Os pagãos, que não têm a lei, fazendo naturalmente as coisas que são da lei, embora não tenham a lei, a si mesmos servem de lei; eles mostram que o objeto da lei está gravado nos seus corações, dando-lhes testemunho a sua consciência, bem como os seus raciocínios, com os quais se acusam ou se escusam mutuamente" (Rm 2,14-15).
Referências:
GIBBON, Edward. História do Cristianismo, 1891, p. xvi. PAGELS, Elaine . The Gnostic Gospels. Tradução de Scott Bidstrup. Disponível em http://www.str.com.br/Atheos/biblia2.htm. Acessado em 14/09/2006.
A semelhança existente entre a doutrina dos povos pagãos e o Cristianismo é algo natural, pois ela indica os elementos verdadeiros que se encontram nas várias doutrinas pagãs, cuja Verdade plena subexiste na Revelação Cristã. Estas semelhanças que são usadas para acusar o Catolicismo de ter tomado empréstimo dos pagãos, também se apresentam na norma doutrinária de nossos acusadores, a saber, o Protestantismo.
Comumente se diz no Protestantismo que a Igreja Católica a fim de agremiar mais fiéis, que normalmente vinham das civilizações pagãs, começou a aceitar algumas de suas práticas pagãs, as quais que se tornaram tão comuns que acabaram se incorporando ao conjunto doutrinal do Catolicismo. Os levantadores de falso testemunho dizem ainda que o Concílio de Nicéia foi a consagração deste sincretismo religioso entre Igreja e Paganismo.Tais acusações são fruto de uma tremenda ignorância da Memória Cristã, isto é, da Fé dos primeiros séculos.
Com toda certeza, os difamadores do Catolicismo, desconhecem os escritos dos Santos Padres do período ante-niceno e niceno. Tais escritos atestam a luta da Igreja contra a religião do império antes e até depois do Concílio de Nicéia.
Quem acusa a Igreja Católica de sincretismo com o Paganismo, ignora o testemunho dos Padres Apologistas, isto é, os testemunhos de homens que durante o período da perseguição e até depois dela, escreveram várias apologias aos Imperadores romanos, mostrando a excelência da doutrina Cristã em relação ao Paganismo, o exemplo de vida dos fiéis que eram exortados a respeitar todas as autoridades constituídas.
A vitória da Igreja com o edito de Milão no tempo do Imperador Teodósio (313 d.C), que deu liberdade de culto aos cristãos; e depois o decreto que levou o Cristianismo ao status de religião oficial do Império no tempo de Constantino, deve-se à brilhante exposição que estes mártires da Fé proporcionaram ao mundo pagão. São eles: Quadrato, com sua obra Carta a Diogneto; Aristides de Atenas com sua Apologia; Atenágoras de Atenas com sua Petição em Favor dos Cristãos; Teófilo de Antioquia com as obras Primeiro livro a Autólico e Segundo livro a Autólico; Hérmias com Escárnio dos filósofos pagãos; Justino de Roma com I Apologia, II Apologia e Diálogo com Trifão e muitos outros.
Por terem vivido antes do tempo da realização do Concílio de Nicéia (325 d.C) na Patrologia (ciência que estuda a vida e a obra dos Santos Padres da Igreja) convencionou-se chamá-los de Padres do Período Ante-Niceno.
Uma outra grande prova contra as difamações gratuitas contra a Igreja Católica, são os escritos dos Padres que viveram durante o período da realização do Concílio de Nicéia e após ele.Ora, se a Igreja conseguiu sua liberdade frente ao Império segundo um sincretismo com o Paganismo, então ela não deveria continuar combatendo as doutrinas pagãs.
Mas ao contrário da imaginação dos inimigos da Igreja, a Verdade é bem diferente.Vários homens célebres da Igreja Antiga dedicaram sua vida ao combate do paganismo e das várias formas de sincretismo de Cristianismo e Paganismo existentes, são eles: Atanásio de Alexandria com sua obra Contra os Pagãos, Apologia contra os Arianos, A Incarnação do Verbo, Depósito de Ário, etc; Basílio de Cesaréia com Tratado sobre o Espírito Santo; Gregório de Nissa com Sobre o Espírito Santo, Sobre a Fé, Contra Eunômio, etc; João Cassiano com Institutas, Sobre a Encarnação do Senhor; Orígines com Contra Celso entre tantos outros.
O combate contra as doutrinas pagãs continuou em tempos posteriores com os escritos de Santo Agostinho, São Jerônimo, São João Crisóstomo, São João Damasceno e tantos outros.
Nossos contendores vêem no simples fato do apoio do Império à Igreja uma concessão desta àquele e não o contrário. Ora, foi o Império que cedeu à Igreja e não o contrário. Os inimigos da Verdade querem distorcer o que é claro, querem achar chifres em cabeça de cavalo ou fazer uma tempestade em um copo d’água.
Se seguirmos esta lógica, deveríamos dizer que o Judaísmo fez concessões aos Imperadores gregos e caldeus quando estes deram liberdade de culto aos judeus e até fizeram da religião de Israel a do Império.Com efeito, encontramos na Bíblia pelo menos 4 reinos favorecendo o Judaísmo com decretos Imperiais: decreto de Assuero (Est 8,8-13), de Ciro (Esd 1,1), de Dario (cf. Eds 6,1-11; 8,36) e de Artaxerxes (cf. Esd 7,8-13; 7,15-19; 7,27-28; Ne 2,1-6). Não seria a primeira vez que Deus se utiliza de Imperadores e Reis para favorecer Seu povo.
É claro que nem tudo que os pagãos tinham era ruim, um exemplo é a Filosofia que até hoje traz vários benefícios ao Pensamento. O que os pagãos tinham de bom a Igreja adotou, pois era bom, e todo benefício vem de Deus. "Por certo, a ignorância é a fonte de todos os males, e a Sabedoria não é útil para os ignorantes que se julgam sábios; por acaso irá ao médico ou tomará remédios o doente que se julga em pela saúde? Estes são os insensatos que tanto nos fala os livros de Provérbios, Eclesiastes, Eclesiástico, Sabedoria de Salomão e os Salmos. A Igreja Católica nunca se conformou com a mente do mundo (cf. Rm 12,2) ao contrário do Protestantismo, que já aderiu oficialmente ao controle da natalidade, ao homossexualismo, ao Iluminismo, ao poder político e etc. Ora, não estamos falando de pessoas, mas de Confissões de Fé".
Alessandro Lima
Veritatis Splendor
Marcadores: Paganismo, Protestantismo
"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o
outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome
que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos."
(São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)