domingo, 15 de junho de 2008
Deus nos tempos de hoje e na vida de cada dia
"Temos feito força para sermos sal da terra e luz do mundo"? Que pensar dos dias de hoje?
Há pessoas que se afligem muitíssimo com os tempos de hoje; afligem-se com a violência e o ódio que rebentam no mundo inteiro. Basta abrir um jornal, ouvir um rádio, assistir a programas de televisão. É impressionante a massa de informações de guerras, de seqüestros, de assaltos, de roubos, de mortes.
Há pessoas que se afligem ouvindo palavrões que hoje são ditos com a maior naturalidade, presenciado modas e modos que provam como anda a moral; afligem-se ouvindo flagrantes de gastos loucos com fabricação de armas e com o desperdício da sociedade de consumo, tudo levando um pequeno grupo a tornar-se rico, e sempre mais rico, a custa de mais de dois terços da humanidade que mergulham em condição, que nem é humana, de miséria e de fome.
Não falta quem pense que são sinais claros da proximidade do fim do mundo, sobretudo levando em conta a audácia com que o homem anda invadindo áreas privativas de Deus, com as viagens espaciais e os céus se enchendo de satélites pesquisadores e espiões; anda invadindo áreas privativas de Deus, com descobertas como a desagregação do átomo e os avanços perigosos no campo da biologia, especialmente da genética.
Não falta então, pessoas sinceras que se afligem em viver em dias tão agitados, tão violentos, tão desumanos, e ficam, não raro, suspirando por não terem vivido, ou no tempo do romantismo, ou no tempo da renascença, ou, de modo especial, nos primeiros tempos do cristianismo.
Os que temos a felicidade de crer em Deus, Criador e Pai; os que sabemos que não existe acaso, mas a amorável providência divina, nem pudemos vacilar, tendo que preferir a verdade de todo coração, viver no tempo e no lugar que Deus escolheu para nós. Temos que abraçar o tempo e o lugar que Deus nos permite viver e trabalhar.
Vamos meditar juntos na parte que nos cabe, tentando ser com nossa comunidade de vida e de trabalho, sal da terra e luz do mundo. Em momento de pessimismo pudemos imaginar que o mundo foi abandonado por Deus e está perdido; pudemos imaginar que está tudo caindo de podre. Se há mesmo podridão temos que perguntar a nós mesmos se estamos cumprindo a nossa missão de sal.
Em momentos de pessimismo pudemos ter a impressão de que há trevas por todos os lados; de que a escuridão avança e uma noite grande e triste cai sobre a humanidade. Antes de assombrar-nos, sem saber como dar um passo, com o risco de rolar no abismo, ou de dar um perigoso esbarrão, temos que perguntar a nós mesmos se estamos cumprindo a nossa missão de luz.
Quanto a saber se estamos ou não, nos últimos tempos, a ponto de descobrirmos o anti-cristo no meio de nós, prefiro pensar, como o Papa João XXIII, que ainda nos achamos no primeiro dia da criação. Não se trata do começo do fim, quando muito, estamos no fim do começo.
Por hoje ficamos perguntando a nós mesmos: "Temos feito força para sermos sal da terra e luz do mundo? Cremos no acaso ou na providência divina? Acreditamos que Deus criou o mundo para divertir-se à nossa custa, ou criou o mundo por amor"?
Mesmo levando em conta os nossos pecados, pudemos admitir que vai ser perdida a encarnação redentora do Filho de Deus, nosso irmão, Jesus Cristo? Será possível que haja força más e espíritos perversos mais poderosos que o Espírito de Deus, que nos acompanha e nos ilumina e nos dá forças?
Que Ele, o Espírito de Deus, nos acompanhe e nos guie em nossas meditações.
Dom Hélder Câmara.
Marcadores: Luz, Sal
Escrito por
00:31.