Excelente artigo de Juarez Villela Filho* , publicado no dia 12/06/08, sobre a vitória do Sport Club do Recife em cima Corinthians.
Jamais negarei a força do Corinthians, não só como instituição mas principalmente por sua fanática e numerosa torcida. Não à toa é comum se ouvir que no Corinthians é a torcida que possui um time e não um time que possui uma torcida. Pudera pois nem CT e estádio possui o popular clube do Parque São Jorge, tendo na galera seu maior patrimônio.
Já vi jogo do alvinegro no Morumbi, já vi clássico paulista também, jogos aqui no Pinheirão, Couto Pereira e na Baixada e também confronto contra eles lá no Pacaembu. Não há o que se discutir sobre a vibração e paixão desta torcida. Mas a transmissão de ontem, querendo induzir o espectador a pensar que pouco mais de dois mil corinthianos estavam calando 30 e tantos mil torcedores do Leão foi forçada demais!
Microfones direcionados para a torcida do Timão, uma transmissão feita de estúdio como denunciava Falcão quando comentava que “ lá em Recife o jogo parece estar quente” e que se comprovou nos comentários pra lá de tendenciosos da dupla Cléber Machado e Arnaldo Cesar Coelho (faça o que eu digo, não faça o que eu fiz) no Jornal da Globo pós partida. Um clima de velório com a vitória mais que merecida do clube pernambucano, uma narração que explorou ao máximo o suposto pênalti não dado sobre Acosta no final da partida, mas que solenemente ignorou a claríssima penalidade sobre o avante do Sport que depois foi ainda chutado quando estava deitado.
Um show! Um show de horrores. Parecia que brasileiros, no caso corinthianos, enfrentavam as agruras, os desafios, o anti jogo, a sacanagem e catimba fora de casa de argentinos num clássico de Libertadores ao pisarem na Ilha do Retiro contra o valente Sport. Esperar o quê de uma emissora que já editou debate e tirou de Lula uma boa oportunidade em 1989 nas eleições presidenciais ou mesmo que ignorou um movimento que começou aqui em Curitiba, na Boca Maldita e se espalhou pelo Brasil todo, unindo rivais históricos no mesmo palanque e não pôde mais esconder a verdade quando mais de um milhão de pessoas estiveram no Vale do Anhangabaú na capital paulista pedindo as Diretas Já?
A vitória do Sport Clube do Recife foi muito mais do que sobre o violento time corinthiano. Foi uma vitória da verdade, da humildade, de um time que tem como zaga Igor e Durval, dois beques que nunca se firmaram no Furacão mas que sentem agora o doce sabor da vitória e merecem sim nosso aplauso, foi a vitória não só de um time, mas sim de um povo, vitória da cultura popular, terra da literatura de cordel, de Chico Sciense de saudosa memória, Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, do forró, do maracatu, da arquitetura holandesa contra uma realidade virtual, fruto do mercantilismo dos detentores do poder no Brasil.
Ao Sport meus respeitos e parabéns pela brilhante conquista.
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"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o
outro me especifica.Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome
que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos."
(São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.)